Lutas

Trabalhadoras domésticas foram ao Parlamento Europeu lutar pelos seus direitos

01 de maio 2024 - 10:16

Esta quarta-feira, as trabalhadoras domésticas marcharão no 1º de Maio pela sua dignidade. Exigem o reconhecimento de condições mínimas de trabalho. Anabela Rodrigues acompanhou-as porque “a luta plena” não pode “deixar para trás nenhuma mulher”.

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Trabalhadoras domésticas portuguesas no Parlamento Europeu.
Trabalhadoras domésticas portuguesas no Parlamento Europeu.

Um grupo de trabalhadoras domésticas portuguesas apresentou no Parlamento Europeu um manifesto intitulado “Sonhos de uma vida melhor”. Nele reivindicam o reconhecimento de condições mínimas de trabalho e direitos como em qualquer outra profissão.

A eurodeputada do Bloco de Esquerda Anabela Rodrigues acompanhou-as e garante que vai continuar a fazê-lo, ajudando a criar redes entre as trabalhadoras domésticas dos diferentes países europeus. Para ela, a “luta feminista plena” não pode “deixar para trás nenhuma mulher de qualquer setor”.

Estas trabalhadoras lançaram ainda um apelo a todos os candidatos às próximas eleições europeias para que subscrevam um compromisso com a promoção destes direitos durante a próxima legislatura. Pretendem que todos os Estados Membros da União Europeia ratifiquem a Convenção nº 189 da Organização Internacional do Trabalho, que seja criada uma carreira profissional para os trabalhadores domésticos, evitando situações de precariedade laboral, que a proteção social, nomeadamente subsídios de desemprego, doença e acidentes de trabalho, seja melhorada e que haja um compromisso do envolvimento das trabalhadoras domésticas nas propostas e decisões relativas à regulação dos seu trabalho e direitos.

A dignificação da profissão e o reconhecimento de que o seu trabalho é um contributo importante para a sociedade são parte importante da sua mensagem, realçando no seu manifesto: “Queremos uma Europa que nos reconheça.”

Esta quarta-feira, o grupo marca presença no desfile do Dia do Trabalhador para continuar a sua luta pela dignidade.

Um livro branco pelos direitos laborais

Também presente na manifestação estará o STAD, Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas, que apresentou esta terça-feira uma iniciativa sobre os direitos destas mesmas trabalhadoras, o Livro Branco para o Serviço Doméstico Digno e que tem vindo a ser divulgado pela página Serviço Doméstico Digno.

O trabalho foi feito em colaboração com a investigadora Filipa Seiceira que, ao Público, explica que, ao longo das 41 entrevistas a trabalhadoras domésticas feitas neste âmbito, o direito ao subsídio de desemprego foi o ponto que “foi referido por todas porque acham que é uma grande injustiça não terem direito ao subsídio de desemprego se não trabalharem apenas para um empregador”.

Vivalda Silva, do STAD, explica que as 13 recomendações a que chegaram no documento serão transmitidas ao Governo, Autoridade para as Condições de Trabalho, Assembleia da República e outros parceiros. Por sua vez, destaca duas outras questões: “a obrigatoriedade de o empregador fazer prova do que diz quando dispensa um trabalhador do serviço doméstico alegando insuficiência económica e a necessidade de se investir em incentivos à regularização do trabalho doméstico, através, por exemplo, da possibilidade de os empregadores deduzirem em sede de IRS as contribuições pagas por estes serviços”, escreve o jornal. A dirigente sindical conclui que “estes trabalhadores devem ter as mesmas condições de trabalho dos outros, os mesmos direitos e deveres”.