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Catalunha em dia de protestos contra a sentença do “procés”

Dezenas de milhares de pessoas nas ruas, estradas e ruas cortadas, serviço ferroviário suspenso e uma invasão do aeroporto que cancelou mais de cem voos. O dia da condenação dos líderes políticos do referendo de 2017 acabou com um apelo à comunidade internacional, lido em inglês por Pep Guardiola.
Uma das colunas das várias manifestações desta segunda-feira em Barcelona. Foto Assembleia Nacional Catalã/Twitter

“Apelamos à comunidade internacional para que se posicione claramente a favor da resolução deste conflito na base do diálogo e o respeito. Só há um caminho: sentarem-se a falar”. O apelo foi lido pelo treinador de futebol do Manchester City, Pep Guardiola, num vídeo emitido pela BBC e a agência France Presse. A autoria é do Tsunami Democràtic,  movimento que se apresenta sem líderes e pretende dar voz à indignação dos catalães através de ações não violentas em resposta à sentença que condenou ex-governantes e ativistas pela autodeterminação da Catalunha a penas de prisão até aos 13 anos.

Este apelo lido por Guardiola alerta também que “Espanha está a viver uma deriva autoritária em que se usa uma lei antiterrorista para perseguir dissidentes e em que até os artistas são perseguidos por exercer a liberdade de expressão”. “Isto é inaceitável na Europa do século XXI”, afirmou o ex-futebolista que tem sido um porta-voz internacional da causa da autodeterminação da Catalunha.

Logo após a leitura da sentença, o Tsunami Democràtic mobilizava através das redes sociais para uma concentração no centro de Barcelona. Ao início da tarde, anunciava o objetivo do protesto: parar o aeroporto de El Prat.

Milhares de pessoas responderam à chamada e dirigiram-se por vários meios para os terminais do aeroporto mais próximo de Barcelona. O inevitável congestionamento provocado pela multidão que encheu as estradas de acesso provocou os primeiros atrasos de voos logo ao início da tarde, com várias tripulações impedidas de chegar a horas ao aeroporto.

Ao longo da tarde, milhares de pessoas tentaram ultrapassar as barreiras policiais para entrarem nos terminais e houve várias cargas quer dos Mossos d’Esquadra quer da Polícia Nacional espanhola contra os manifestantes. Segundo o El Periódico, os serviços médicos no local atenderam 34 feridos ligeiros entre os manifestantes. Ao início da noite, o Tsunami Democràtic deu por concluída a ação e apelou aos manifestantes que saíssem do aeroporto. Mas algumas centenas continuaram a ocupar o local por algumas horas, apesar das cargas policiais.

Enquanto decorria a tarde de ocupação, milhares de passageiros acabados de aterrar em Barcelona ficaram presos dentro dos terminais, sem acesso aos transportes num aeroporto cercado por manifestantes e polícia.

O mesmo protesto estendeu-se a Madrid, com mais de mil automóveis em marcha lenta a congestionarem os acessos ao aeroporto de Barajas.

Mas a ação do Tsunami Democràtic não foi o único protesto do dia, com concentrações e marchas em muitas cidades e vilas catalãs. Os Comités de Defesa da República (CDR) organizaram uma manifestação que percorreu o centro de Barcelona e terminou ao fim da tarde em frente à delegação da Polícia Nacional. Muitos dos manifestantes juntaram-se ao início da noite na concentração convocada para a Praça de Sant Jaume, frente à sede do governo catalão e da autarquia de Barcelona. A convocatória da Assembleia Nacional Catalã e do Òmnium Cultural, cujos líderes foram condenados a 9 anos de prisão, contou com milhares de pessoas, entre elas o presidente do governo, Quim Torra, e o presidente do parlamento, Roger Torrent.

As milhares de pessoas presentes cantaram o hino catalão, apelaram à liberdade para os presos políticos e ainda viram o vencedor das eleições municipais Ernest Maragall, da Esquerda Republicana, aparecer numa das janelas do município para lá deixar um cartaz com o mesmo apelo.

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