Carolina Serrão apresentou este sábado a sua candidatura à Câmara de Lisboa num almoço com apoiantes (ver fotogaleria), teceu duras críticas à governação da cidade no último mandato e definiu a grande prioridade desta eleição: “Temos de livrar Lisboa de Carlos Moedas”.
Para isso, garantiu Carolina, “o Bloco está preparado para enfrentar as autárquicas e quer discutir com outras forças um programa forte para enfrentar o turismo e a especulação imobiliária”, deixando o desafio ao PS, Livre, PCP e aos movimentos sociais da cidade: “Para vencer este passado, é preciso coragem e convergência”.
E o passado ficou marcado pelo agravamento da crise na habitação, pelo que a candidata bloquista avançou com medidas que deseja ver aplicadas já a partir de setembro: “A CML já identificou terrenos seus que permitem edificar mais de 7.400 casas - Vale de Santo António, em Benfica, Parque das Nações, Gomes Freire, Paço da Rainha, S. Lázaro - a que se somam os futuros terrenos do aeroporto. No próximo mandato, devemos trazer todos esses terrenos da Câmara para o programa 100% público, que é o único que funcionou”, afirmou Carolina Serrão.
Quanto aos terrenos que não são municipais, “os promotores imobiliários devem ser obrigados a colocar no mercado, no mínimo, 25% das casas novas em arrendamento acessível”, tal como se faz em cidades como Viena, Paris ou Berlim, prosseguiu.

O Bloco quer também avançar com um programa de residências estudantis e impedir mais venda de património municipal e garantir a mobilização imediata de edifícios públicos devolutos ou sem utilização para habitação a custos acessíveis. “Fizemos isso com os prédios da Segurança Social, sabemos que é possível”, referiu Carolina.
No início da intervenção, falou da Lisboa onde nasceu e cresceu, dos lugares que marcaram a sua vida, das boas recordações e também das más: “Cheguei a pensar que era Lisboa que me apontava sempre a porta da rua como serventia da casa, a cada aumento da renda ou visita aos sites de casas. Mas claro que não era Lisboa. A especulação usa a cidade. Lisboa somos nós”.
“Vi a padaria do meu bairro a fechar, o sapateiro a fechar, a loja dos pregos e parafusos a fechar, a coletividade a ser despejada. Vi e vejo os meus vizinhos, as minhas vizinhas, os meus amigos, as minhas amigas, conhecidos e conhecidas a serem expulsas das suas casas, para ir para lá alguém mais rico, ou um turista ou para as casas ficarem fechadas, a servirem os interesses dos especuladores”, afirmou Carolina, concluindo que “há quem esteja a jogar ao monopólio com Lisboa enquanto a maioria não passa sequer da casa da partida”. E isso leva a que “hoje em dia, viver e trabalhar em Lisboa é um ato de resistência”, enquanto o presidente da Câmara dá “liberdade total” aos especuladores, “unicórnios e Web Summits” e ao lóbi do Alojamento Local.
Autárquicas
Coordenadora do Bloco/Lisboa indica Carolina Serrão como candidata à Câmara
“Mas para quem vive e trabalha em Lisboa, Carlos Moedas falhou em tudo”, prosseguiu, não apenas na crise da habitação mas também nos transportes públicos, direitos sociais ou recolha de lixo. “Moedas prometeu-nos unicórnios, mas cria ratos e baratas”, ironizou.
No que diz respeito às pessoas em situação de sem-abrigo na cidade, Carolina Serrão lembrou que “agora há quase o dobro das pessoas a viver na rua, comparando com o tempo em que o Bloco tinha essa competência em Lisboa”. Enquanto isso, na política de segurança Carlos Moedas “segue a tática da extrema-direita”, pois “o medo é o melhor amigo de políticos como este”. Mas “fazia melhor em tirar o lixo das ruas e melhorar a iluminação pública”, aconselhou.
“O mordomo da Troika fez-se um Napoleão em Lisboa”
Num almoço dedicado à cidade, também a coordenadora bloquista Mariana Mortágua fez o seu discurso sobre Lisboa, com destaque para o papel que o Bloco teve nos pelouros que assumiu no mandato que atravessou o tempo da pandemia: a Educação e os Direitos Sociais. E lembrou que apesar de o pelouro da Habitação não lhe pertencer nessa vereação, “todas as casas de habitação pública inauguradas por Moedas são fruto de uma exigência do Bloco em 2017”, a do pilar público do arrendamento acessível.
Desse trabalho do Bloco com pelouro atribuído na vereação em Lisboa, de 2017 a 2021, sublinhou a abertura das primeiras salas de consumo assistido do país, do modelo de acolhimento para pessoas em situação de sem-abrigo “que ainda hoje é uma referência de políticas públicas”, da primeira linha municipal de apoio a vítimas de violência doméstica e do plano para integrar imigrantes “que Moedas desprezou”. Mas também dos manuais escolares gratuitos em Lisboa e das refeições de qualidade cozinhadas no dia na própria escola, da abertura de mais salas no pré-escolar e da implementação da legislação com décadas sobre segurança dos edifícios do 1º ciclo.

Mariana Mortágua acusou Carlos Moedas, “o mordomo da Troika [que] fez-se um Napoleão em Lisboa”, de ter deitado todo esse trabalho ao lixo e preferir entregar milhões aos unicórnios, WebSummit e festivais, para não falar do “palco papal que não serve de palco para mais nada”.
“Carlos Moedas celebrou os carros contra as bicicletas e o trânsito nunca foi tão caótico. Apoiou o Alojamento Local contra a habitação, e as casas nunca foram tão caras. Mentiu sobre segurança, mas nunca pôs um pé no Martim Moniz, ou no Benformoso, para perguntar aos imigrantes que ali estão como vivem, onde trabalham, o que pensam da recolha do lixo ou do policiamento municipal”, prosseguiu a coordenadora do Bloco.
Em seguida, Mariana Mortágua prestou homenagem “à mulher que desde 2021 enfrenta o pequeno Napoleão” nas reuniões de Câmara: a vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias, a que “mais propostas apresentou” e a que “melhor desmascarou a propaganda de Carlos Moedas e a sua política cínica”, enquanto se mantinha “professora a tempo inteiro na escola pública de Lisboa e ativista anti-racista”.
Para Carolina Serrão, “a mulher que vai ajudar a derrotar Carlos Moedas em 2025”, vaticinou que “uma mulher que já é, ao mesmo tempo, ativista, produtora, criadora, costureira, promotora e gestora, será, com toda a certeza, uma grande vereadora”.