Lisboa

Carolina Serrão desafia PS, PCP, Livre e movimentos sociais à convergência para derrotar Moedas

08 de fevereiro 2025 - 14:43

No primeiro almoço com apoiantes, a candidata do Bloco à Câmara Municipal de Lisboa afirmou que quer discutir com outras forças um programa forte para enfrentar o turismo e a especulação imobiliária e “livrar Lisboa de Carlos Moedas”.

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Carolina Serrão.
Carolina Serrão. Foto de Ana Mendes

Carolina Serrão apresentou este sábado a sua candidatura à Câmara de Lisboa num almoço com apoiantes (ver fotogaleria), teceu duras críticas à governação da cidade no último mandato e definiu a grande prioridade desta eleição: “Temos de livrar Lisboa de Carlos Moedas”.

Para isso, garantiu Carolina, “o Bloco está preparado para enfrentar as autárquicas e quer discutir com outras forças um programa forte para enfrentar o turismo e a especulação imobiliária”, deixando o desafio ao PS, Livre, PCP e aos movimentos sociais da cidade: “Para vencer este passado, é preciso coragem e convergência”.

E o passado ficou marcado pelo agravamento da crise na habitação, pelo que a candidata bloquista avançou com medidas que deseja ver aplicadas já a partir de setembro: “A CML já identificou terrenos seus que permitem edificar mais de 7.400 casas - Vale de Santo António, em Benfica, Parque das Nações, Gomes Freire, Paço da Rainha, S. Lázaro - a que se somam os futuros terrenos do aeroporto. No próximo mandato, devemos trazer todos esses terrenos da Câmara para o programa 100% público, que é o único que funcionou”, afirmou Carolina Serrão.

Quanto aos terrenos que não são municipais, “os promotores imobiliários devem ser obrigados a colocar no mercado, no mínimo, 25% das casas novas em arrendamento acessível”, tal como se faz em cidades como Viena, Paris ou Berlim, prosseguiu.

Almoço do Bloco em Lisboa
Almoço do Bloco em Lisboa na apresentação da candidatura de Carolina Serrão. Foto Ana Mendes,

O Bloco quer também avançar com um programa de residências estudantis e impedir mais venda de património municipal e garantir a mobilização imediata de edifícios públicos devolutos ou sem utilização para habitação a custos acessíveis. “Fizemos isso com os prédios da Segurança Social, sabemos que é possível”, referiu Carolina.

No início da intervenção, falou da Lisboa onde nasceu e cresceu, dos lugares que marcaram a sua vida, das boas recordações e também das más: “Cheguei a pensar que era Lisboa que me apontava sempre a porta da rua como serventia da casa, a cada aumento da renda ou visita aos sites de casas. Mas claro que não era Lisboa. A especulação usa a cidade. Lisboa somos nós”.

“Vi a padaria do meu bairro a fechar, o sapateiro a fechar, a loja dos pregos e parafusos a fechar, a coletividade a ser despejada. Vi e vejo os meus vizinhos, as minhas vizinhas, os meus amigos, as minhas amigas, conhecidos e conhecidas a serem expulsas das suas casas, para ir para lá alguém mais rico, ou um turista ou para as casas ficarem fechadas, a servirem os interesses dos especuladores”, afirmou Carolina, concluindo que “há quem esteja a jogar ao monopólio com Lisboa enquanto a maioria não passa sequer da casa da partida”. E isso leva a que “hoje em dia, viver e trabalhar em Lisboa é um ato de resistência”, enquanto o presidente da Câmara dá “liberdade total” aos especuladores, “unicórnios e Web Summits” e ao lóbi do Alojamento Local.

“Mas para quem vive e trabalha em Lisboa, Carlos Moedas falhou em tudo”, prosseguiu, não apenas na crise da habitação mas também nos transportes públicos, direitos sociais ou recolha de lixo. “Moedas prometeu-nos unicórnios, mas cria ratos e baratas”, ironizou.

No que diz respeito às pessoas em situação de sem-abrigo na cidade, Carolina Serrão lembrou que “agora há quase o dobro das pessoas a viver na rua, comparando com o tempo em que o Bloco tinha essa competência em Lisboa”. Enquanto isso, na política de segurança Carlos Moedas “segue a tática da extrema-direita”, pois “o medo é o melhor amigo de políticos como este”. Mas “fazia melhor em tirar o lixo das ruas e melhorar a iluminação pública”, aconselhou.

“O mordomo da Troika fez-se um Napoleão em Lisboa”

Num almoço dedicado à cidade, também a coordenadora bloquista Mariana Mortágua fez o seu discurso sobre Lisboa, com destaque para o papel que o Bloco teve nos pelouros que assumiu no mandato que atravessou o tempo da pandemia: a Educação e os Direitos Sociais. E lembrou que apesar de o pelouro da Habitação não lhe pertencer nessa vereação, “todas as casas de habitação pública inauguradas por Moedas são fruto de uma exigência do Bloco em 2017”, a do pilar público do arrendamento acessível.

Desse trabalho do Bloco com pelouro atribuído na vereação em Lisboa, de 2017 a 2021, sublinhou a abertura das primeiras salas de consumo assistido do país, do modelo de acolhimento para pessoas em situação de sem-abrigo “que ainda hoje é uma referência de políticas públicas”, da primeira linha municipal de apoio a vítimas de violência doméstica e do plano para integrar imigrantes “que Moedas desprezou”. Mas também dos manuais escolares gratuitos em Lisboa e das refeições de qualidade cozinhadas no dia na própria escola, da abertura de mais salas no pré-escolar e da implementação da legislação com décadas sobre segurança dos edifícios do 1º ciclo.

Almoço do Bloco/Lisboa
Almoço do Bloco em Lisboa na apresentação da candidatura de Carolina Serrão. Foto Ana Mendes,

Mariana Mortágua acusou Carlos Moedas, “o mordomo da Troika [que] fez-se um Napoleão em Lisboa”, de ter deitado todo esse trabalho ao lixo e preferir entregar milhões aos unicórnios, WebSummit e festivais, para não falar do “palco papal que não serve de palco para mais nada”.

“Carlos Moedas celebrou os carros contra as bicicletas e o trânsito nunca foi tão caótico. Apoiou o Alojamento Local contra a habitação, e as casas nunca foram tão caras. Mentiu sobre segurança, mas nunca pôs um pé no Martim Moniz, ou no Benformoso, para perguntar aos imigrantes que ali estão como vivem, onde trabalham, o que pensam da recolha do lixo ou do policiamento municipal”, prosseguiu a coordenadora do Bloco. 

Em seguida, Mariana Mortágua prestou homenagem “à mulher que desde 2021 enfrenta o pequeno Napoleão” nas reuniões de Câmara: a vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias, a que “mais propostas apresentou” e a que “melhor desmascarou a propaganda de Carlos Moedas e a sua política cínica”, enquanto se mantinha “professora a tempo inteiro na escola pública de Lisboa e ativista anti-racista”.  

Para Carolina Serrão, “a mulher que vai ajudar a derrotar Carlos Moedas em 2025”, vaticinou que “uma mulher que já é, ao mesmo tempo, ativista, produtora, criadora, costureira, promotora e gestora, será, com toda a certeza, uma grande vereadora”.