Lula resolve a corrida presidencial já no primeiro turno ou não? Havia uma esperança de que as ultimas sondagens confirmassem a tendência de crescimento do ex-presidente, mas não foi isso que aconteceu: o DataFolha atribuiu 50% dos votos válidos a Lula e Bolsonaro 36%.
Já na sondagem do IPEC, Lula tem 51% dos votos válidos e Bolsonaro 37%. O significado destas sondagens é que está aberta a possibilidade de vitória no primeiro turno do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), mas nada está garantido porque a sua vitória não sai da margem de erro de mais ou menos dois pontos percentuais. O sofrimento vai-se manter até ao fim.
Que fará Bolsonaro?
A outra incógnita é o que vai fazer Bolsonaro. No dia 7 de setembro, o discurso golpista do atual presidente foi desacreditado pela evidência de que as Forças Armadas não estão dispostas a aventuras. Mas Bolsonaro continua a contar com influentes generais, como o seu candidato a vice, Braga Neto, ou o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o primeiro na reserva e o segundo na ativa.
E o Exército?
Que a situação nas Forças Armadas continua a ser tudo menos clara foi demonstrada pela reação do Exército a uma reportagem do Estado de S. Paulo intitulada “Comando do Exército indica à tropa que não contestará apuração eleitoral”. O jornal assegurava que o Alto-Comando do Exército, composto por 16 oficiais-generais e pelo comandante-geral do Exército, decidira, na sua última reunião, seguir o ritual de reconhecer a proclamação do vencedor pelo Tribunal Superior Eleitoral. Isso significa que o corpo militar, envolvido em testes de um pequeno número de urnas eletrónicas, limitar-se-ia a divulgar o relatório técnico da auditoria a essas urnas.
Mas o Exército desmentiu a reportagem de forma enfática, afirmando tratar-se de fake news. “É lamentável que um veículo de expressão nacional promova desinformação que só contribui para a instabilidade do País”, lê-se em nota oficial, que não explicita qual a posição sobre o papel dessa auditoria .
Nos últimos dias, Bolsonaro disse várias vezes que se a sua candidatura à reeleição tiver menos de 60% dos votos é porque houve fraude. Isto significa que irá fazer essa alegação em qualquer circunstância, já que nenhuma sondagem atual lhe dá 40%, quanto mais 60%!
Confusão no partido do Presidente
O que irá alegar? As mesmas velhas denúncias sobre alegadas fragilidades de um sistema que se tem demonstrado à prova de fraude desde que começou a ser aplicado em 1996.
As mesmas alegações apareceram uma vez mais, desta vez com nova roupagem de linguagem técnica, num relatório publicado com o timbre do Partido Liberal (o atual partido de Bolsonaro), mas sem qualquer assinatura. Curiosamente, na véspera, o presidente do próprio partido, Valdemar Costa Neto, visitara o TSE e afirmara que a fantasiosa “sala secreta”, peça-chave da teoria da conspiração bolsonarista contra as urnas eletrónicas, não existe.
O que irá fazer Ciro Gomes?
A polarização que tem ocorrido nesta eleição entre Lula e Bolsonaro já pôs em declínio a candidatura de Ciro Gomes, e é previsível que o candidato do PDT, na sua quarta candidatura à Presidência, tenha um dos piores resultados de sempre. A última sondagem da IPEC dá um empate entre Ciro e Simone Tebet, ambos com 5%, mas com Ciro a descer e Tebet a subir. A queda pode ter a ver com o voto útil, mas também com a sua última viragem política, de priorizar os ataques a Lula e deixar de lado as denúncias a Bolsonaro.
O fracasso de Ciro ocorre também no seu reduto: o Estado do Ceará. Segundo as últimas sondagens, é possível que o candidato do PDT ao governo do Ceará, apoiado por Ciro, nem consiga ir ao segundo turno.