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Bloco questiona Governo sobre intenção de colocar um teleférico no Gerês

A Câmara Municipal de Terras de Bouro quer ligar com um teleférico a vila do Gerês à antiga casa florestal localizada junto ao miradouro da Pedra Bela, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Miradouro da Pedra Bela, Gerês. Fotografia: Câmara Municipal de Terras de Bouro

De acordo com Manuel Tibo, o presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, a instalação deste teleférico no único Parque Nacional do país é necessária para que seja criado “um atrativo turístico com o teleférico, mas a sua implementação seria também por questões ambientais”, pois, segundo o autarca, devem ser criadas “várias situações de mobilidade para que não haja tantos carros ou carga automóvel no parque nacional”. 

Segundo noticiado na comunicação social, a ideia já terá sido apresentada à secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, em setembro de 2020, e ao presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, no presente mês. 

Esta situação levou o Bloco de Esquerda a questionar o Governo sobre “qual é o entendimento do Ministério do Ambiente e da Ação Climática e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre esta matéria”, uma vez que “a área de implantação prevista para o projeto poderá estar inserida em área de ambiente rural e próxima, ou intercetando, uma área de proteção parcial de tipo II, inserida em área de ambiente natural, pelo que o projeto não seria permitido”.  

No documento entregue na Assembleia da República, os deputados do Bloco de Esquerda salientam que “o Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 11-A/2011, de 4 de fevereiro, interdita, em áreas sujeitas a regimes de proteção, «a instalação de teleféricos ou funiculares». 

Em declarações ao esquerda.net, o deputado José Maria Cardoso considera que esta é uma iniciativa “totalmente inusitada e sem qualquer sentido de preservação do meio”, questionando qual a intenção subjacente a este projeto que irá "aumentar o fluxo turístico" e por essa razão é "perigoso para o que o parque nacional representa".

"Só há conservação da biodiversidade, só há sustentabilidade dos valores naturais, só há equilíbrio entre população e meio físico, se soubermos preservar o que o Gerês significa como refúgio da natureza”, afirma José Maria Cardoso, concluindo que “se a intenção é reduzir o trânsito automóvel, como é argumentado, então faça-se o controle de passagem como acontece na Mata de Albergaria e/ou crie-se meios de mobilidade coletiva com pequenos autocarros elétricos em trajetos definidos e com número de pessoas razoável.”
 

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