Genocídio em Gaza

Bloco quer explicações do ministro dos Negócios Estrangeiros

07 de maio 2024 - 18:30

Mariana Mortágua anunciou que chamará Paulo Rangel ao Parlamento porque este tem que se responsabilizar pela posição de Portugal sobre o massacre na Palestina e o Governo tem de agir para o travar. No final das jornadas parlamentares do partido, criticou ainda as políticas laborais de um Governo “instruído pelos patrões”.

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Mariana Mortágua no encerramento das Jornadas Parlamentares do Bloco 2024.
Mariana Mortágua no encerramento das Jornadas Parlamentares do Bloco 2024. Foto de Ana Mendes.

No encerramento das jornadas parlamentares do Bloco de Esquerda na Madeira, Mariana Mortágua falou das questões do trabalho e da situação na Faixa de Gaza.

A propósito da primeira vez que Luís Montenegro reúne enquanto primeiro-ministro com a concertação social, a coordenadora do Bloco sublinhou que “muito antes” já tinha reunido com a confederação dos patrões, indo assim “instruído pelos patrões para esta reunião” com o “papel” de “levar um caderno de encargos com todas as propostas que os patrões apresentam” e que, aliás, “já estavam no Programa do Governo”.

Ali já era clara a proposta “para descer os impostos sobre as grandes empresas”, a “substituição de uma política que obriga as empresas a fazer aumentos salariais por uma política de prémios que não paga impostos nem paga contribuições para a Segurança Social, destruindo as carreiras contributivas dos trabalhadores e o financiamento dos serviços públicos” e a “retirada das garantias da lei laboral que vai remeter para a contratação coletiva, em que as empresas e os patrões têm muito poder, questões tão básicas como a regulação dos horários do trabalho, dos vínculos laborais e o agravamento da precariedade”.

Fica por clarificar a questão salarial porque o Governo “não diz como vai aumentar os salários e até no salário mínimo é muito equívoco”, pois “ao mesmo tempo que fala de mil euros em 2028”, logo em seguida propõe um salário mínimo “que vai evoluir de acordo com inflação ou com a produtividade”.

“Paulo Rangel tem de se responsabilizar pela posição de Portugal”

A segunda questão diz respeito à ofensiva israelita em Gaza, nomeadamente sobre a cidade de Rafah, que Mariana Mortágua considerou ser “uma última etapa de uma política de genocídio que tem por objetivo exterminar o povo palestino e ocupar todo o território que neste momento era da Palestina, em Gaza”.

A coordenadora bloquista fez o balanço deste massacre onde, até agora, “morreram 34 mil civis”, a “maior parte” mulheres e crianças, havendo “histórias de pessoas a morrer à fome, sem tratamentos médicos”. E qualificou os atos do exército de Israel de “crimes de guerra”, defendendo que o governo de Netanyahu “tem que ser julgado por esses crimes de guerra”.

Lembrou ainda que em Rafah “há 600 mil crianças palestinianas” e que “este ataque do Estado de Israel, que está a matar milhares de palestinianos, crianças, tem que ser travado neste momento” porque “foi tudo longe demais” e “todos os critérios mínimos de defesa dos direitos humanos foram ultrapassados há muito tempo e é preciso que sejam tomadas posições fortes”.

Razões mais que suficientes, prosseguiu, para chamar o ministro dos Negócios Estrangeiros à Assembleia da República. “Paulo Rangel tem que se responsabilizar pela posição de Portugal” e o país “não pode ficar indiferente”.

Para Mariana Mortágua, “o representante de Portugal tem que representar o povo português para travar um genocídio”. Isto passa por “sanções, por penalizações económicas, por todos os instrumentos que foram utilizados para acabar com o Apartheid na África do Sul ou para combater a invasão de Putin à Ucrânia”. Essa, assegura, é uma “responsabilidade do Estado português”.

Para além de manifestar solidariedade com o povo palestiniano e com todas as vítimas desta política de genocídio, o Bloco “alarga” esta solidariedade “a todos aqueles que no mundo se manifestam em solidariedade com o povo palestiniano, mesmo sendo reprimidos por isso, mesmo sendo calados por isso”. Como é exemplo de “todos os estudantes que estão a ocupar as faculdades neste momento" em solidariedade com o povo da Palestina.