João Semedo lembrou que Paulo Portas apresentou esta iniciativa parlamentar em Junho de 2009, apenas 3 meses antes das últimas eleições legislativas. “A última moção de censura do CDS, apresentada em Junho de 2009, foi depois das eleições europeias e pouco antes das legislativas, bom, se o doutor Paulo Portas, hoje, se permite discutir o valor e o impacto e as consequências da nossa moção devia ter-se lembrado disso em Junho de 2009”, afirmou.
O deputado do Bloco, que falava numa conferência de imprensa no Parlamento sobre o anúncio de abstenção por parte do CDS-PP relativamente à moção dos bloquistas, acusou este partido de ser “um apêndice da direita que vive e se alimenta das sobras do PSD”.
“O doutor Paulo Portas vangloria-se de ter sido o primeiro a dizer saia, senhor primeiro-ministro. Ficamos hoje a saber que Paulo Portas é o primeiro a dizer: fique senhor primeiro-ministro”, ironizou o deputado João Semedo.
Na opinião do bloquista, a abstenção do CDS “é uma finta e uma fita do doutor Paulo Portas e de um partido que tem, relativamente à moção de censura, posições completamente inconsequentes”.
“Paulo Portas há um mês dizia que votaria qualquer moção de censura, há quinze dias disse que votaria em função do conteúdo das moções de censura, ontem voltou a repetir isso e, apesar de tudo isto, Paulo Portas conclui que não votará a favor da moção de censura do Bloco”, referiu.
“Isto confirma que, por um lado, o CDS e o doutor Paulo Portas alinham e estão com a continuação desta política, de austeridade, de desemprego, de privatizações, e, por outro lado, confirma que o CDS é hoje um partido sem autonomia, sem independência”, concluiu.
O CDS-PP anunciou, na segunda-feira à noite, que se vai abster na moção de censura do Bloco ao Governo, o que inviabiliza a iniciativa. “O CDS, evidentemente, desvaloriza uma moção de censura que não é a sério. A abstenção é o voto possível”, justificou o gabinete do líder do CDS-PP, Paulo Portas, em comunicado.
Semedo defende legitimidade da comissão política
Questionado sobre o assunto, o deputado João Semedo defendeu que a comissão política do Bloco tem “estatutariamente e politicamente toda a legitimidade” para decidir avançar com uma moção de censura, referindo que “a esmagadora maioria” da Mesa Nacional concorda com esta iniciativa.
O deputado do Bloco, que falava numa conferência de imprensa no Parlamento, sublinhou que todos os membros da Mesa Nacional do partido foram informados da decisão antes de esta ser anunciada na quinta-feira à tarde no Parlamento, durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro.
“O que seria estranho é que os membros da Mesa Nacional não concordassem com a comissão política, porque esta é uma decisão que segue, dá continuidade ao combate que temos tido”, afirmou.
O facto de a decisão não ter sido tomada na Mesa Nacional do Bloco não constitui “uma fragilidade da decisão e muito menos uma violação da vida democrática e plural” do partido, considerou João Semedo.