Depois da reunião da Mesa Nacional em que foi aprovada a sua versão final, Mariana Mortágua apresentou esta tarde, no Teatro Thalia, em Lisboa, o programa eleitoral (disponível aqui em formato pdf) com que o Bloco de Esquerda se candidata às eleições legislativas de 10 de março.
Trata-se, como fez questão de sublinhar, de um “programa de Governo para garantir uma vida boa a toda a gente que vive em Portugal” que tem como intenção, para além de “responder às crises do legado da maioria absoluta do PS”, “fazer o que nunca foi feito” e responder aos problemas estruturais do país como o são o privilégio, a pobreza e a exclusão.
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Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, a governação do Partido Socialista agravou várias crises, desde a salarial, à do modelo económico e dos serviços públicos, nomeadamente educação, saúde e habitação.
Foto de Rodrigo Gorgulho.
O partido parte para a campanha eleitoral em busca de “compromissos” e “maiorias” para resolver estes problemas e definindo o seu lema de uma “vida boa” que "ter o essencial" e passa por “saber que temos uma casa para morar e que isso não nos leva à pobreza”, “ter hospital” sem termos de nos preocupar se temos dinheiro para pagar o seguro ou a conta do hospital como acontece em muitos países, “ter escola” e que esta é de qualidade independentemente da "família que têm e do dinheiro que têm" , “ter cuidados” e "não ter de ter a angústia de não saber o que fazer quando os nossos pais adoecerem" ou "quando envelhecermos" e ter creche, “o salário dar para a vida” e “ter tempo porque a vida não é só trabalhar”.
E por Portugal ser "o segundo país da OCDE onde os 1% mais ricos têm mais riqueza", 23%, a coordenadora do Bloco apresentou a ideia da criação de leques salariais com o objetivo de que não haja gestores numa empresa a ganharem mais num mês do que um trabalhador dessa empresa ganha num ano. O partido defende ainda a existência de um imposto sobre as grandes fortunas, o aumento do salário mínimo, a redução do IVA da energia e das telecomunicação para a taxa de 6% e uma descida de 582 euros no IRS através de uma dedução específica e a criminalização do recurso a offshores.
Foto de Rodrigo Gorgulho.
Para além disso, propõe-se um aumento das pensões acima do limiar da pobreza após 20 anos de descontos, a criação de um rendimento social de cidadania que junte subsídio de desemprego e rendimento social de inserção e de um Serviço Nacional de Cuidados.
Atenção especial foi dedicada à habitação, a “crise das crises”. O Bloco defende limites à atualização das rendas “tendo em conta o poder de compra e não apenas a inflação”, que fazer com que a Caixa Geral de Depósitos “atue como um banco público” e baixe os juros do crédito à habitação, “o maior estrangulamento, o maior esforço e o maior medo de quem tem um crédito à habitação”. O banco público, explicou a dirigente partidária, “tem dos melhores rácios de capital na União Europeia” e “lucros como se fosse um banco privado porque aplicou os juros dos bancos privados como se não fosse um banco público”. A medida teria um resultado: “ou os clientes dos restantes bancos transferem o seu crédito para a Caixa ou os restantes bancos baixam o preço do crédito à habitação” pelo que haveria “lucros menos astronómicos para a banca e uma vida mais desafogada” para as pessoas.