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Autoeuropa: "Estado deve garantir lay-off sem perda de rendimento"

Esta terça-feira, a coordenadora do Bloco de Esquerda esteve no Parque Industrial da Autoeuropa para um encontro com a coordenadora das Comissões de Trabalhadores (CT) das empresas que têm no fabricante automóvel um dos seus principais clientes. E defendeu que a paragem na produção por causa de falta de componentes oriundos de uma fábrica na Eslovénia, inundada este verão devido às cheias, resulta de uma estratégia de gestão de stocks com "muitos riscos".
Para Mariana Mortágua, a Autoeuropa "ganha muito com esta gestão de stocks, mas quando há um problema procura atirar para os trabalhadores e para o Estado - que paga uma parte do lay-off - as responsabilidades e os custos de uma opção que foi tomada pela Autoeuropa". Para a coordenadora bloquista, se a empresa "escolhe este modelo de gestão, tem de assumir as responsabilidades" e proteger quem ali trabalha.
O Bloco defende que o lay-off pago pelo Estado seja complementado até 100% para que nenhum trabalhador seja afetado nos seus rendimentos. Por outro lado, "os trabalhadores com vínculos temporários podem estar em risco de não ter subsídio desemprego. É preciso dar-lhes os mesmos direitos e proteção que têm os restantes, como fizeram outras empresas" do Parque Industrial, acrescentou Mariana Mortágua, acrescentando que a Autoeuropa "é uma empresa crucial para a economia portuguesa e que foi muito ajudada pelo Estado".
O Bloco já chamou a ministra do Trabalho e o ministro da Economia ao Parlamento para darem explicações ao país sobre a situação na empresa e como isso vai afetar os trabalhadores do parque industrial nas próximas semanas.
300 trabalhadores vão para o desemprego, outros 94 podem seguir-se
Por seu lado, o coordenador das CT do Parque Industrial da Autoeuropa partilho com os jornalistas a sua preocupação com os trabalhadores que não têm qualquer proteção social, "principalmente aqueles 300 que identificámos até sexta-feira, que vão ficar desempregados" e aos quais se podem juntar outros 94 da empresa Rangel, caso não seja alcançado um acordo com os representantes dos trabalhadores.
"Se há um período de paragem de dois meses ou nove semanas, tem de haver da parte das empresas uma gestão com responsabilidade social que garanta estes postos de trabalho. Muitas empresas dizem que vão voltar a chamar os trabalhadores após a paragem. Então se os trabalhadores fazem falta, porque é que não há esta responsabilidade social para os manter?", questionou Daniel Bernardino.
As CT defendem que deveria ser aplicado o mesmo regime de lay-off simplificado que foi aplicado durante a pandemia e que garante que não há perda de rendimento. Dos mais de 11 mil trabalhadores destas empresas, "grande parte vai para lay-off e vão perder parte do rendimento, sejam 5%, 15% ou 33%", acrescentou.
O coordenador das CT vai reunir ainda esta terça-feira com a ministra do Trabalho. "Vamos apresentar a situação destes trabalhadores em situação mais vulnerável" e perguntar ao Governo "porque é que não há uma proteção social, por exemplo com estes trabalhadores a irem para uma formação" durante as semanas em que as empresas suspendem a laboração.
Daniel Bernardino não esquece a questão de fundo e diz esperar que o Governo pergunte à Volkswagen "porque é que estamos dependentes de uma empresa da Eslovénia que coloca em causa milhares de trabalhadores" ou qual a razão de não terem sido encontradas soluções a tempo, pois "já sabíamos com muita antecedência que a paragem estava iminente".
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