Aumento dos juros da dívida resulta das “medidas recessivas” do OE

04 de novembro 2010 - 19:27

O deputado do Bloco Jorge Costa defendeu que o actual aumento dos juros da dívida pública portuguesa é uma “consequência directa” das “medidas recessivas” contidas no Orçamento do Estado, documento que nunca poderá satisfazer os mercados “insaciáveis”.

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"Este Orçamento do Estado é composto por medidas violentamente recessivas, geradoras de desemprego, que comprimem o rendimento da população, congelam os salários e congelam as pensões”, afirmou o deputado do Bloco Jorge Costa

“O Orçamento do Estado que foi aprovado ontem não satisfaz nem pode satisfazer os mercados. Os mercados são insaciáveis. Este Orçamento do Estado é composto por medidas violentamente recessivas, geradoras de desemprego, que comprimem o rendimento da população, congelam os salários e congelam as pensões”, afirmou Jorge Costa.

O deputado falava aos jornalistas no Parlamento sobre o aumento dos juros da dívida pública portuguesa a dez anos, que esta quinta-feira bateram o máximo histórico (6,63 por cento, registado no final de Setembro) estando a negociar nos 6,75 por cento, um dia depois da aprovação do Orçamento do Estado.

Segundo o Bloco, as “medidas recessivas” do Orçamento “vão ter incidência directa sobre o emprego e sobre a sustentabilidade da economia portuguesa”.

“Desse ponto de vista, o aumento dos juros da dívida portuguesa não surpreende e é uma consequência directa das medidas recessivas que ontem mesmo foram aqui tomadas”, sublinhou.

Juros da dívida nacional batem recorde histórico

No dia seguinte à aprovação do Orçamento do Estado para 2011, os mercados internacionais continuaram a penalizar a dívida pública nacional, encarecendo os custos a que o Estado se financia e acompanhando a tendência de subida que está a atingir também outros países da Europa.

Contudo, esta evolução da dívida nacional está a acompanhar a tendência de subida nos outros países da zona euro com problemas de dívida. Na Irlanda, as obrigações do Tesouro a dez anos têm batido recordes nos últimos dias, 7,817 por cento, valor acima do juro cobrado à dívida portuguesa. O mesmo acontece na Grécia (11,354 por cento). Em Espanha, os juros mantém-se em subida, mas continuam em níveis bastante inferiores aos de Portugal (4,35 por cento). As próprias obrigações alemãs não estão a escapar à tendência de subida, com os juros a aumentarem hoje para os 2,4 por cento.

No dia 28 de Setembro, os juros da dívida pública nacional já tinham alcançado um valor recorde de 6,63 por cento. No dia seguinte, o Governo apresentou mais medidas de austeridade, como a subida do IVA para 23 por cento e o corte de cinco por cento na massa salarial da função pública. Estas medidas estão inscritas no Orçamento do Estado para 2011 aprovado no Parlamento, mas, aparentemente, não surtiram ainda o efeito de acalmar os investidores e a dívida voltou a bater novo máximo histórico.

 

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