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Associações assinalaram Dia Mundial dos Rios em defesa do Mondego e afluentes

A concentração juntou ambientalistas junto à Barragem da Aguieira em defesa da preservação e recuperação da saúde dos ecossistemas ribeirinhos e a qualidade das águas da Bacia Hidrográfica do Mondego.
Concentração na barragem da Aguieira.
Concentração na barragem da Aguieira. Foto Carlos Vieira.

Este domingo, várias associações ambientalistas de Viseu assinalaram o Dia Mundial dos Rios com uma concentração junto à estrada em cima da parede da Barragem da Aguieira. E no dia 28 de outubro vão regressar a Penacova, desta vez para um encontro/debate às 15h, com o apoio da Câmara Municipal de Penacova, “com o objetivo de construir convergências e posicionamentos de todos quantos se preocupam com a água, os rios e, mais concretamente, com os graves problemas que afectam a bacia hidrográfica do Mondego”.

Os rios, a vida e o Dão

Ana Carolina Gomes

Além de assinalarem este dia mundial criado pelas Nações Unidas em 2005, o MUNDA – Movimento em Defesa do Rio Mondego, a AZU – Associação Ambiente em Zonas Uraníferas, o Núcleo de Viseu da Olho Vivo – Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos, o núcleo de Viseu da Quercus e a ASE – Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela, chamaram a atenção para a situação de degradação da Bacia Hidrográfica do Mondego. E apelaram aos órgãos de soberania e à opinião pública para que se encare a questão estratégica da defesa e promoção dos nossos rios e, em particular, da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, no contexto das alterações climáticas.

A iniciativa contou com intervenções de João Dinis, (MUNDA), António Minhoto (AZU) e Carlos Vieira (Olho Vivo). Os ativistas destacaram as "agressões à boa qualidade da água dos rios e linhas de água da bacia hidrográfica do Mondego com implicações na saúde humana e na fauna e flora adjacentes", dando exemplos de descargas ilegais em algumas zonas industriais ao longo dos rio Mondego e dos afluentes Dão e Seia. A destruição das galerias ripícolas com a consequente perda de biodiversidade, a silvicultura intensiva e outras ocupações indevidas, ou a destruição de acessos, como caminhos públicos para a prática da pesca e da actividade balnear e de lazer, foram outras ameaças enunciadas nos discursos.

Concentração na barragem da Aguieira.

 

As associações defendem "uma gestão integrada e sustentável da Bacia Hidrográfica do Mondego", que hoje dizem estar "excessivamente centralizada pela APA - Agência Portuguesa do Ambiente", e propõe a recuperação da tutela do Instituto Nacional da Água, extinto em 2013 e integrado na APA.

Por outro lado, contestam a gestão privada das barragens, como é o caso da Agueira, gerida pela EDP. E lembram que nas cheias do Mondego que inundaram Coimbra em 2016, "elas poderiam ter sido evitadas ou minimizadas se a EDP tivesse cumprido as normas de exploração da albufeira da barragem da Aguieira, conforme, aliás, foi denunciado por autarquias locais e pela Direcção Regional de Cultura do Centro".

"A gestão privada da água é incompatível com a urgência climática que assola o mundo e coloca o nosso país em sério risco de desertificação e de escassez dramática dos recursos hídricos, como já se viu em 2017, com o transporte diário de água, em dezenas de camiões cisterna de corporações de bombeiros e de particulares, contratados pelos municípios de Viseu e Mangualde, oriunda das barragens da Aguieira, Trancoso e Balsemão, para abastecer a Barragem de Fagilde que abastece de água potável os concelhos de Viseu, Mangualde, Nelas e Penalva do Castelo, cujos níveis de água atingiram mínimos históricos”, prosseguem os ambientalistas, defendendo que a água deve ser mantida no domínio público, os autores de contaminações devem ser identificados e tanto a qualidade das águas como a saúde dos ecossistemas ribeirinhos devem ser preservados.

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