O último relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) voltou a referir o estado de emergência climática em que o planeta se encontra. Assim, sublinhou o fosso entre a redução de emissões de gases com efeito de estufa que os países alcançarão caso cumpram os seus planos atuais e a redução necessária para que sejam cumpridas as metas do Acordo de Paris em relação ao aquecimento global.
O relatório da ONU estabelece que, de forma a evitar que o aquecimento global ultrapasse os 1,5 graus Celsius, as emissões globais de gases com efeito de estufa devem “chegar ao seu pico no imediato”, diminuindo 7,6% por ano até 2030.
A ONU reflete ainda sobre a última década e a forma como a incapacidade política em reduzir as emissões foi crucial para o acentuar do problema. Inger Andersen, diretora executiva do PNUA, fala mesmo em “falhanço coletivo” no que toca a “atuar cedo e de forma assertiva sobre as alterações climáticas”.
O documento entretanto divulgado à comunicação social afirma que, caso tivesse havido uma ação climática séria logo em 2010, só seria necessário cortar as referidas emissões de gases de 0,7% a 3,3% por ano.
No que toca a emissões de CO2, o PNUA aponta para a necessidade de, em 2030, as emissões diminuírem em 15 gigatoneladas, para a meta dos dois graus, e em 32 gigatoneladas para que se alcance o objetivo de manter o aquecimento global abaixo dos 1,5 graus. Os planos nacionais desenvolvidos estão muito aquém destes valores, e o documento sublinha que estes precisam de um “reforço dramático”.
O relatório afirma ainda que, “dada a discrepância entre as decisões políticas e as reduções de emissões a elas associadas, esperar por 2025 para reforçar estes planos nacionais será demasiado tarde para fechar o grande fosso de emissões em 2030.” Para mais, aponta para que os membros do G20, mesmo tendo objetivos de desflorestação zero, não tenham mantido o compromisso através de ações no terreno.
Os autores do relatório descrevem o cenário como “sombrio”. Contudo, afirmam que ainda é possível limitar as alterações climáticas, uma vez que a pressão para ação é cada vez maior. Para isso, devem empenhar-se todos os países do mundo, através de mudanças sociais e económicas, como a descarbonização dos transportes.