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Após semanas no mar, refugiados rohingya enviados para ilha de lodo

Em fuga das condições terríveis nos campos onde se encontravam no Bangladesh, centenas de refugiados rohingya acabaram devolvidos pelas autoridades da Malásia. Alguns foram encaminhados para uma ilha distante e sem condições de habitabilidade e centenas continuam presos no mar.
mulheres e crianças rohingya em Balukhali, campo de refugiados para viúvas. Fotografia por UN Women/Allison Joyce.

Dezenas de Rohingya desembarcaram na costa do sul de Bangladesh e algumas foram enviadas para Bhasan Char, uma ilha de lodo no estuário do rio Meghna em Bangladesh, pode ler-se no Guardian.

Estes refugiados, que passaram meses no mar confinados em barcos de pequenas dimensões, dirigiram-se à Malásia depois de fugirem das condições desesperantes dos campos de refugiados no Bangladesh. O governo malaio recusou a sua entrada e no regresso atracaram na costa sul do Bangladesh em pequenos barcos, que provavelmente pertencem a navios maiores e que ainda se encontram no alto mar com centenas de pessoas, diz Chris Lewa, diretor do grupo de monotorização do Projeto Arakan.

O ministro das Relações Exteriores do Bangladesh disse que o país já estava sobrecarregado e não permitiria que os barcos atracassem, tendo sido alguns (não se sabe exatamente quantos) enviados para uma ilha remota e desabitada, enquanto outras centenas permanecem à deriva. Os governos asiaticos têm usado o argumento da pandemia de Covid-19 para recusar a entrada dos refugiados nos seus países, disse o Guardian.

O governo do Bangladesh, país onde se refugiaram cerca de 1 milhão de rohingya que fugiram da limpeza étnica de Myanmar, disse que abrigaria os refugiados na ilha, que fica a três horas de viagem em barco. Esta proposta tem sido contestada pelos vários quadrantes, de ONGs aos próprios refugiados. Estes consideram que a deslocação para a ilha de Bhasan Char os deixaria numa situação de isolamento, com acesso limitado a serviços de saúde e educação. Para além disso, esta é uma ilha de lodo, o que a torna extremamente vulnerável às tempestades e aumento do nível do mar. Yanghee Lee, que recentemente deixou o cargo de relator especial da ONU em Myanmar, referiu que não é claro se a ilha é "verdadeiramente habitável".

Dois barcos com aproximadamente 500 pessoas, incluindo crianças, foram vistos pela última vez no Bangladesh há cerca de uma semana. Os seus familiares, que não têm notícias deles há semanas, pedem ajuda à comunidade internacional para deixarem atracar os barcos.

No mês passado, as autoridades do Bangladesh resgataram um navio com cerca de 400 pessoas, a maioria adolescentes, depois de passarem dois meses no mar. Os Médicos Sem Fronteiras, que trataram oos sobreviventes, relataram casos de mortos por fome e espancamentos por parte dos traficantes, referindo que podem ter morrido cerca de 70 pessoas nesse barco, embora não haja números oficiais que o confirmem.

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