Centenas de pessoas participaram este sábado na marcha organizada pela juventude do Bloco Democrático na cidade de Malanje, capital da província com o mesmo nome no norte de Angola. A iniciativa acabou por assumir contornos de resistência ao silenciamento democrático, devido às tentativas dos últimos dias por parte das autoridades policiais da província para a proibir.
A juventude do Bloco Democrático realizou o seu Encontro Nacional em Malanje e esta marcha pelas ruas da cidade marcava o encerramento da iniciativa este sábado. Apesar de terem sido enviadas as devidas comunicações às autoridades, três dias antes da marcha os responsáveis provinciais do partido foram chamados ao Comando Provincial da Polícia Nacional, sob instruções do Governo Provincial.
Segundo denunciou o Bloco Democrático, ali lhes foi dito que não reconheciam o Bloco Democrático como partido político, que a organização não poderia realizar a marcha por não ter assento parlamentar, que não se responsabilizavam pelas consequências se entendessem prosseguir a marcha e que este tipo de iniciativas só são permitidas em tempo eleitoral. Instados a formularem essas considerações por escrito, "declinaram-se, sem mais nada a acrescentar".
Perante o que apelidou de "tentativas de abuso de poder e insensibilidade ao pleno exercício da cidadania", o Bloco Democrático fez uma nota de repúdio, desmentindo a insólita acusação de ilegalidade, por estar inscrito desde 2010 e manter atividade política regular. E acrescentou que "não precisamos ter assento parlamentar, uma vez que a atividade política não é apanágio só dos parlamentares, é garantida a todos os cidadãos". Reafirmou também que iria manter a marcha, com início às 12h30 na Rotunda da Vila Matilde e com destino ao Largo 4 de Fevereiro.
Na sexta-feira, o líder do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, apelou ao ministro do Interior, César Laborinho, a tomar "as medidas necessárias para que a Polícia se atenha à Lei e não invoque qualquer pretexto a fim de reprimir os manifestantes, como ocorre demasiadas vezes". E já este sábado, a poucas horas do início da marcha, obteve garantias do Governador de Malanje, Marcos Ngunha, de que não haveria qualquer impedimento à sua realização.