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Ambientalistas querem cidades sem automóveis a combustão até 2030

A Zero aproveitou o Dia Nacional do Ar para colocar na agenda a questão da poluição dos centros urbanos do país, nomeadamente a causada pelo transporte rodoviário. Em comunicado, a organização pediu que as cidades fiquem livres de automóveis a combustão até 2030. Em apoio desta posição, divulgou um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente em que se conclui que quase dois terços da população urbana de quinze grandes cidades europeias de oito países defendem esta medida.
Os ambientalistas consideram o transporte rodoviário como “a principal causa de poluição do ar nos centros urbanos portugueses” e afirmam que “a sociedade está num ponto de clivagem no tocante à mobilidade”. O seu diagnóstico é que isto será possível, uma vez que “as vendas de automóveis elétricos dispararam em 2020 na Europa” e que no continente “já há dez países com planos para o fim do comércio de ligeiros de passageiros com motor de combustão”. Isto para além de existirem várias cidades, incluindo Madrid, Paris, Amsterdão e Londres, “que apenas permitirão automóveis sem emissões nos próximos anos”. Medidas que fizeram com que “alguns fabricantes de automóveis” tenham já “anunciado o fim voluntario das suas produções de veículos a combustíveis fósseis”.
O estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, que a Zero integra, é outro dado a comprovar que “os cidadãos apoiam esmagadoramente estes objetivos”. Este inquérito, que reuniu cerca de dez mil respostas, mostra uma média de 63% de apoio ao fim da comercialização de veículos a combustão até 2030 (que variam de cidade em cidade entre os 51% e 77%).
Os inquiridos consideram ainda que os fatores determinantes para impulsionar a aquisição de carros elétricos são o preço (55%), a rede de carregamento (51%) e a sua autonomia (45%).
A Zero pensa que “os portugueses não são exceção”, apesar de nenhuma cidade portuguesa ter sido incluída nesta avaliação. E apela “a que os decisores políticos sejam ambiciosos na adoção de políticas que vão ao encontro destes resultados”.
A mesma associação manifestou-se “seriamente preocupada” com “a falta de medidas que contrariem o excesso de uso do automóvel no desconfinamento”, que estaria “em total contradição com os objetivos de salvaguarda da saúde pública, prioridade que se tornou ainda mais relevante no contexto da pandemia de Covid-19”. A organização divulgou os dados resultantes da recolha na estação de monitorização da Avenida da Liberdade, em Lisboa, após 15 de março de 2021, em que se comprova que, nas três primeiras semanas, a concentração de dióxido de azoto, um poluente associado ao tráfego automóvel, estava cerca de 20% abaixo do valor limite anual de 40 ug/m3. Mas “na semana passada, entre 5 e 9 de abril, já se atingiu precisamente uma concentração média de 40 ug/m3”, apontam os ambientalistas.
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