Amazon tenta impedir sindicalização nos EUA, ALU marcha pelo reconhecimento

03 de setembro 2022 - 9:26

A empresa viu a sua tentativa de bloquear a criação do sindicato no armazém JFK8 negada mas promete recorrer. O primeiro sindicato da Amazon sai à rua esta segunda-feira em Nova Iorque. Nos EUA, o apoio ao sindicalismo atingiu os 71%, o valor mais alto em 57 anos.

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Camisola do primeiro sindicato dos trabalhadores norte-americanos da Amazon.
Camisola do primeiro sindicato dos trabalhadores norte-americanos da Amazon.

A Amazon está à beira de perder a tentativa de bloquear a criação de um sindicato dos seus cerca de oito mil trabalhadores do armazém JFK8, em Staten Island, Nova Iorque, depois de Lisa Dunn, a auditora da National Labor Relations Board, a agência federal que regulamenta o direito do trabalho nos EUA, ter recomendado a rejeição das suas objeções.

Em finais de março, a maioria dos trabalhadores destas instalações tinha votado maioritariamente a adesão ao Amazon Labor Union, um sindicato de base independente dos maiores grupos sindicais do país. A empresa contestou o resultado da votação, alegando que o sindicato teria intimidado os trabalhadores e que a secção local da NLRB tinha favorecido a vitória sindical. Depois de ouvidas as partes e analisadas as provas a conclusão foi perentória: “as objeções do empregador foram rejeitadas na sua integralidade”.

A Amazon, o segundo maior empregador privado do país, anunciou de imediato a sua intenção de recorrer e tem até dia 16 para juntar novas provas. Pretenderá atrasar ao máximo a certificação do sindicato e a obrigação de iniciar negociações com este.

Ao mesmo tempo continua a disputa sobre os resultados da repetição da votação noutro armazém, este no Alabama, cujo resultado ainda não está certificado apesar da empresa estar em vantagem. Em maio, num armazém mais pequeno próximo do JFK8, o sindicato sofreu uma derrota que arrefeceu os ânimos. Ainda assim, há tentativas de sindicalização a decorrer em vários armazéns como na Carolina do Norte e no Kentucky. Na região de Albany, também em Nova Iorque, uma votação de sindicalização deverá ocorrer nos próximos meses.

Chris Smalls, presidente do ALU, escreveu no Twitter que foi “um grande dia para o movimento dos trabalhadores” e prometeu: “estamos apenas a começar”. O sindicato marcou para a próxima segunda-feira, o dia do trabalho nos Estados Unidos, uma “marcha pelo reconhecimento” em Nova Iorque para “mostrar a estas empresas o que é o poder dos trabalhadores”.

Ao mesmo tempo, a National Public Radio dá conta da mais recente sondagem da Gallup que mostra que os níveis de apoio ao sindicalismo atingiram o ponto mais alto desde há 57 anos. Responderam apoiar o sindicalismo 71% dos inquiridos, um aumento relativamente aos 68% do ano passado. A vaga de tentativas de sindicalização na Amazon mas também noutras empresas onde o sindicalismo nunca entrara, como a Starbucks e a Chipotle estarão a contribuir para este reconhecimento positivo.