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Amado prometeu pressionar primeiro ministro para uso das Lajes no repatriamento de Guantánamo

Segundo um documento de 2006 da embaixada dos EUA em Lisboa, divulgado pelo Wikileaks, o então ministro da Defesa Luís Amado prometeu ao embaixador pressionar Sócrates para o uso das Lajes no repatriamento dos prisioneiros de Guantánamo. Amado referiu também a necessidade de “controlar” o PS.
Amado prometeu pressionar Sócrates e referiu a “necessidade de controlar o Partido Socialista” - Foto José Sena Goulão/LUSA

O portal Wikileaks divulgou um documento da embaixada dos EUA em Lisboa, datado de 8 de Setembro de 2006, que relata um encontro entre o então ministro da Defesa português e o embaixador norte-americano, Alfred Hoffman. Nesse documento refere-se que Luís Amado prometeu ao embaixador norte-americano pressionar o primeiro-ministro, José Sócrates, para que a base das Lajes pudesse ser usada para o repatriamento dos presos de Guantánamo.

“O embaixador perguntou ao ministro se o governo dos Estados Unidos podia utilizar as Lajes como escala para os voos que transportavam os detidos para os seus países de origem, e o ministro Amado disse que teria de informar o primeiro-ministro, que será difícil de convencer, mas prometeu pressionar para garantir a cooperação portuguesa, desde que exista total transparência”, refere o documento.

Ainda segundo o documento da embaixada, Luís Amado expressou ao embaixador dos EUA a necessidade de “controlar o seu próprio Partido Socialista”: “Referiu não haver um consenso generalizado no partido para o prosseguimento de uma forte política externa transatlântica, e que existiam preocupações que a ‘ala esquerda’ poderia entrar em ruptura em resposta à abordagem do governo face às questões de segurança e direitos humanos”.

O ex-ministro da Defesa disse também ao embaixador que o repatriamento dos presos era “uma excelente oportunidade para o governo dos EUA ‘virar a página’ e começar a trabalhar numa nova imagem”. Segundo o documento, Amado afirmou: “A Europa entendeu a reacção do governo dos EUA aos terríveis acontecimentos do 11 de Setembro, mas é tempo de regressar à normalidade uma vez que foram postas em práticas efectivas medidas de segurança. [Amado] frisou que a Europa e os EUA partilham o mesmo sistema de valores e que esta iniciativa fornecia uma excelente oportunidade para reconstruir o processo de cooperação”.

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