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Alemanha anuncia devolução de “bronzes do Benim”

Em 1897, uma expedição britânica saqueou a capital do Reino de Benim. As peças roubadas estão espalhadas pela Europa. As que estão no Museu Etnológico de Berlim irão ser devolvidas à Nigéria. Já o British Museum não pretende devolver a sua coleção.
Bronzes do Benim no British Museum. Foto de Andreas Praefcke/wikimedia Commons.
Bronzes do Benim no British Museum. Foto de Andreas Praefcke/wikimedia Commons.

A coleção de arte conhecida por “bronzes do Benim” chegou à Europa depois de uma expedição punitiva do exército colonial britânico ter saqueado, em 1897, Edo, capital do então Reino de Benim. A maior parte das mais de mil peças ficaram nas mãos do British Museum, outras foram-se espalhando por vários museus europeus.

A Alemanha foi também um dos países em que mais destas obras de arte roubadas acabaram, nomeadamente no Museu Etnológico de Berlim que possui 530 peças.

Na passada sexta-feira, a ministra da Cultura deste país, Monika Gruetters, anunciou ter chegado a acordo com o governo nigeriano para a devolução das peças em seu poder a partir de 2022. Segundo Gruetters, com isto, a Alemanha “confronta-se com a sua responsabilidade histórica e moral” e contribui para “o conhecimento mútuo e a reconciliação” com os descendentes dessa tradição cultural “cujos tesouros culturais lhes foram roubados durante os tempos do colonialismo”.

Com França a ter anunciado já também algumas devoluções “específicas”, as atenções viram-se agora para o British Museum que esclarece não ter quaisquer planos de devolução. Questionada pela Associated Press, a instituição diz reconhecer “totalmente” a “devastação e o saqueio” causados por esta expedição militar e afirma que as circunstâncias em que as peças lhes chegaram estão explicadas na galeria e na sua página de internet. Só que valoriza mais “a força” da sua coleção que reside na sua “profundidade” que permite “uma compreensão das culturas do mundo e de como se interconectam ao longo do tempo – quer seja através do comércio, migração, conquista e troca pacífica”.

Mas há quem critique os planos de devolução alemães. Juergen Zimmerer, professor de História Global da Universidade de Hamburgo, diz que seria preciso mais: “tristemente, não há nem um plano temporal preciso nem um compromisso incondicional para restituir todos os artefactos pilhados”. Ou seja, não fica claro pelas declarações de intenções do governo alemão quantos objetos serão devolvidos.

Contudo, também elogia a influência que este anúncio poderá ter noutros países com passados colonialistas. “A pressão crescerá, porque a posição britânica de simplesmente não tomar em conta o tema da restituição já não se pode sustentar”.

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