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Alda Sousa participa no comício da Syriza, em Nea Smirni
Regresso ao hotel já passa da uma da manhã (de domingo). Foi um dia intenso. À tarde, participação na Marcha LGBT, sob um sol impenitente. Dizem-me que a Marcha é maior que em anos anteriores.
Ao fim da tarde, comício em Nea Smirni, bairro da “Grande Atenas” que sempre votou à esquerda e um dos muitos em que a Syriza ficou em 1º lugar nas eleições de 6 de Maio. E também onde Aurora Dourada (o partido neonazi) teve a mais baixa votação.
O comício é na Praça central, com cadeiras para a assistência. À volta da Praça há muitas esplanadas, de onde se pode assistir. E há também bancas como as da feira do livro onde durante o dia representantes dos vários partidos asseguram a distribuição de propaganda.
Panagyotis Panos é o meu guia. Foi candidato da Syriza à Câmara de Nea Smirni e conhece muitas das pessoas presentes. Vai-me apresentando aos organizadores locais, à sua própria família, a conhecidos.
Embora anunciado para as 19h30, não começa antes das 20h15. Estão cerca de 500 pessoas. Por vez são famílias inteiras.
Dão-me a palavra em primeiro lugar. Falo durante cerca de 10 minutos das semelhanças entre a situação portuguesa e grega, da solidariedade que estamos a desenvolver em Portugal, da importância de um governo que rompa com o memorando da troika. Acabo dizendo que desejamos a vitória da Syriza. E que o povo grego não vai apenas votar para eleger o seu Parlamento e escolher um governo, mas que tem nas suas mãos o futuro da Europa.
A seguir fala Sofia Sakorafa, a deputada mais votada nas eleições de 6 de Maio. Antiga atleta olímpica, Sofia era deputada do Pasok, mas demitiu-se há 2 anos na sequência do apoio do seu partido ao memorando da troika. Continuou no Parlamento como deputada independente. Tanto nas eleições de 6 de Maio como agora para 17 de Junho, é candidate da Syriza. Com uma voz calma, explica o programa eleitoral. Diz claramente que a Syriza não pede nenhum cheque em branco. E que não será possível mudar tudo da noite para o dia tudo o que precisa de mudança. Mas assegura que o compromisso eleitoral é perfeitamente realista e pragmático e é sobre este compromisso que o future governo de esquerda terá de responder.
Fala da anulação do memorando, da auditoria à dívida (e da suspensão de qualquer pagamento até haver resultados dessa auditoria), dos salários, dos serviços públicos que é preciso voltar a pôr de pé, contra as privatizações mas também contra o clientelismo que se instalou.
Apela aos seus ex-camaradas do Pasok que no passado travaram lutas importantes, para votarem na Syriza, em nome da dignidade de todo um povo que agora se revolta contra a tirania da dívida
Nikos Manos é o 3º orador. É médico oftalmologista, aderiu diretamente à Syriza, sem vir de nenhum dos partidos que compõem a co ligação. Fala da importância dos movimentos sociais, recorda as Assembleias aqui neste praça em Nea Smirni e diz que é essencial que a mobilização dos movimentos sociais se mantenha depois do 17 de Junho. E apela ao voto dos ativistas destes movimentos.
O encerramento está a cargo de Panos Skourleti, um dos porta-vozes da Syriza. É um orador muito experiente e convincente. Apela ao voto dos eleitores descontentes com o Pasok e mesmo com a Nova Democracia. E também que nenhum voto se perca, que ninguém fique em casa, que seja dada a oportunidade à Syriza de romper com o memorando e com as políticas recessivas que conduziram a Grécia à beira do abismo.
O comício acaba com música, num tom festivo e com uma onda de esperança. Várias pessoas da assistência cumprimentam-me e agradecem a solidariedade do Bloco e enviam cumprimentos para os que em Portugal também combatem a troika. Eu vou respondendo que não aqui “só” por eles, gregos, mas também pelo nosso futuro e da Europa. E digo-lhes que a coragem que têm demonstrado em enfrentar a troika é um incentivo para tod@s nós.
Segue-se um jantar com os oradores/as e organização do comício. Em dois dias convenço-me que aqui as refeições são sempre momentos de discussão política de alta intensidade. Fazem-me muitas perguntas sobre a situação em Portugal, sobre as medidas da troika, sobre as resistências, sobre o futuro. Tinha acabado de ser confirmado o pedido de ajuda do estado espanhol e discute-se então as implicações para Portugal e para a zona euro.
Sábado, 9 de junho
Comentários
Ao ler o texto, volta-me à
Ao ler o texto, volta-me à ideia o mesmo sentimento e convicção que tenho vindo a expressar dentro do BE e que se baseia na necessidade e na urgência de começar a fazer contas e a exigir números oficiais e fidedignos que nos permitam elaborar um PROGRAMA DE GOVERNO.
Se a Syriza ganha as eleições gregas, as repercussões serão enormes e os desequilíbrios á direita poderão passar a rupturas. Será a nossa hora!
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