Abstenção de PAN e Chega viabilizam programa de governo nos Açores

15 de março 2024 - 11:40

A extrema-direita tinha prometido votar contra o documento se não entrasse no executivo mas deu o dito por não dito. O Bloco de Esquerda reiterou na Assembleia Legislativa Regional o seu voto contra um orçamento que considera não resolver os problemas dos açorianos.

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José Manuel Bolieiro. Foto de ANTÓNIO ARAÚJO/LUSA
José Manuel Bolieiro. Foto de ANTÓNIO ARAÚJO/LUSA

O sentido de voto do PAN já era conhecido. O do Chega ficou a conhecer-se esta sexta-feira, horas antes da votação do Programa de Governo apresentado a votação pela coligação PSD/CDS/PPM à Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Será assim com a abstenção destas duas formações políticas que a direita liderada por José Manuel Bolieiro vai contar para poder governar a Região Autónoma.

José Pacheco, o chefe regional do partido de extrema-direita, anunciou o sentido de voto aos jornalistas dando o dito por não dito. Antes, assegurava que o voto favorável dependeria da entrada do Chega no executivo.

A Antena 1 indica que para se chegar a este desfecho “José Manuel Bolieiro, líder do executivo açoriano, teve conversações com os representantes do Chega, Iniciativa Liberal e PAN”.

Partido Socialista, com 23 deputados, e Bloco de Esquerda, com um, tinham ambos já manifestado a intenção de votar contra o Programa de Governo da direita.

O deputado regional bloquista, António Lima, concluía no processo de discussão que “com este programa de governo, as pessoas e os Açores não ficarão melhor”. Justificou isto na sua intervenção na ALR dos Açores afirmando que as opções do Programa do Governo da coligação continuarão a manter os Açores como a região mais pobre e mais desigual do país e que vão “aumentar problemas em áreas essenciais para a vida das pessoas” como a Saúde, a Habitação e a Mobilidade.

Por outro lado, o documento “não tem uma palavra sobre a distribuição da riqueza e o combate às desigualdades” numa região “onde uma minoria fica com a riqueza produzida, enquanto a maioria empobrece a cada dia”.

No setor da saúde, a solução para a falta de resposta é o cheque saúde, ou seja, o governo vai “mandar os doentes para o privado em vez de investir no Serviço Regional de Saúde”. Na habitação, “o governo vai continuar a mesma política de maus resultados, sem medidas para atuar no imediato”, afirma o partido. Já no emprego, o governo só fala de “subsídios aos patrões, que vão certamente beneficiar a elite económica que vive à conta do orçamento da região”. Na Educação, António Lima lamenta a falta de ambição no combate ao abandono escolar, que é uma questão muito importante para o futuro dos Açores. E na cultura “a juntar ao atraso no pagamento dos apoios do ano passado, o Programa de Governo mostra o mesmo desrespeito da legislatura anterior: não há uma única palavra sobre o compromisso eleitoral de aumentar o orçamento para o sector”.

António Lima criticou ainda a irresponsabilidade da “privatização da SATA a um consórcio que, em Cabo Verde tem frequentemente aviões no chão por falta de segurança”.

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