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8 de Março na rua: “Está tanto por fazer para garantir a igualdade”

Milhares saíram às ruas em 12 cidades do país exigindo igualdade e respeito no seu tempo de vida e não daqui a 300 anos, como a ONU estima. Catarina Martins destacou a participação de mulheres jovens na mobilização como “um dos momentos mais extraordinários que o país tem”.
Manifestação feminista do 8 de Março em Lisboa. Foto Esquerda.net

Milhares de mulheres voltaram a sair às ruas em Portugal neste 8 de março. Em 12 cidades de todo o país, mostrou-se a força do movimento feminista com desfiles preenchidos com forte participação de jovens.

Em Lisboa, Catarina Martins sublinhou que “já andámos muito nos direitos das mulheres em Portugal graças a tantas mulheres que ao longo de gerações lutaram por isso” mas que é preciso “não nos enganarmos sobre as dificuldades” nem “fazermos de conta que esse caminho que foi feito significa que estamos perto da igualdade”.

A esse propósito, a coordenadora bloquista lembrou que “o maior problema de segurança em Portugal é a violência contra as mulheres”, que “as mulheres continuam a ganhar menos” cerca de 20%, “mesmo tendo hoje as mulheres mais qualificações”, que “continuam a ter medo por serem mulheres, a andar na rua com medo, nas suas relações de intimidade a terem de ter medo por serem mulheres”, a “sentirem-se mais julgadas por serem mulheres, a sentir que do ponto de vista intelectual as suas aprendizagens nas suas aspirações, no que sabem, não são levadas a sério”.

Assim, “saber o caminho que percorremos nunca pode servir para achar que está tudo bem”. “Está tanto por fazer para garantir a igualdade e que as mulheres são respeitadas”, considera.

A coordenadora bloquista quis ainda salientar a dimensão internacional desta luta, fazendo questão de referir como exemplo a luta das mulheres no Irão, “que se levantam pelo seu direito a serem mulheres e respeitadas”, e a das “meninas que estão a lutar para poderem estar na escola no Irão como no Afeganistão e em tantos lugares do mundo em que ser mulher é um perigo muito concreto de vida todos os dias”.

“As mulheres que aqui estão querem igualdade e respeito no tempo das vidas delas”

Quanto questionada sobre se a elevada participação de mulheres jovens nos protestos a surpreendeu, respondeu que há atualmente “uma vaga extraordinária de jovens mulheres feministas que levam a igualdade a sério, que não querem ser controladas, que não permitem julgamentos sobre o seu corpo, que exigem ser respeitadas no que sabem, no que aprendem, no que querem fazer”.

Para Catarina, “estas mulheres tão jovens que saem à rua são um dos momentos mais extraordinários que o país tem. E não me esqueço que logo após a pandemia foi mesmo o 8 de março o grande momento na rua com esta vaga anti-conservadora, feminista, solidária, que pode fazer o país andar para a frente”.

E sobre a notícia da ONU de que “a este ritmo demoramos 300 anos a conseguir igualdade”, ripostou: “as mulheres que aqui estão querem igualdade e respeito no tempo das vidas delas”.

Catarina Martins deu ainda alguns exemplos de campos onde há medidas em falta para fazer avançar a causa feminista. Na escola, onde há “muito que andar” para “haver uma educação para a igualdade e contra a violência e “do ponto de vista da proteção das vítimas” de violência contra as mulheres. A este propósito, lembrou que “as mulheres que morreram em Portugal, vítimas de companheiros ou de ex-companheiros, boa parte delas, já estavam sinalizadas e mesmo assim foram mortas” e que “as secções especializadas para a violência doméstica não têm os meios necessários”. Ou seja, “temos leis muito bonitas e depois uma realidade que fica muito aquém, uma sociedade muito patriarcal em que há muitos novos conservadorismos que se levantam contra as mulheres e por isso é preciso ter uma enorme determinação em exigir este caminho de igualdade”.

Algumas manifestações deste 8 de março

Em Lisboa a manifestação foi assim:

Em Braga, a maré feminista encheu as ruas:

Também em Coimbra a manifestação foi muito participada:

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