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Doze bancos investigados por manipular taxas Libor e Tibor

Manipulação terá iniciado antes de 2006, acelerou o atual processo da crise e teve influência nos mercados imobiliários e financeiros. Por Marco Antonio Moreno, El Blog Salmón.
City de Londres. Foto de Ben Sutherland

Uma vez mais, fica claro que a banca não é a inocente pomba que muitos nos querem fazer crer. Desta vez, a acusação vem da Comissão de Competição (Comco) da Suíça, que detetou que a taxa Libor (acrónimo de London Interbank Offered Rate), ou taxa interbancária de oferta de Londres, foi objeto de manipulação por parte dos grandes bancos do mundo: JP Morgan, UBS, Credit Suisse, Deutsche Bank, Societe Generale, RBS, Rabobank y HSBC, entre outros.

A taxa Libor é um dos pontos de referência centrais do mundo financeiro, e é a taxa que os bancos seguem para emprestar dinheiro a outros bancos. Existe no atual sistema financeiro, desde 1986, para facilitar o fluxo de dinheiro no mercado interbancário, e tem a sua equivalente japonês na taxa Tibor (T, de Tóquio).

Pois bem, de acordo com uma investigação iniciada no ano 2010 pelo FBI, validada pelos ditames da Comissão de Competição (Comco) da Suíça, foi divulgada na passada sexta-feira a investigação mais complexa da história financeira, feita para determinar até que ponto a influência destes banqueiros pôde determinar a Taxa Libor, e em consequência também a taxa Tibor nos últimos dez-quinze anos. A grande suspeita é que os principais bancos do mundo tenham exercido uma manipulação desta taxa, o que indica um conluio a larga escala, como costuma ser tudo o que esteja relacionado com a banca.

A investigação recopilada pelo FBI dá conta de que esses acordos começaram no ano 2006, um ano antes do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, e dois anos antes da falência do Lehman Brothers. Estes acordos “a grande escala” generavam condições artificiais ao normal funcionamento dos mercados.

As investigações iniciais demonstram que a manipulação dos banqueiros acelerou o processo da crise e teve influência nos mercados imobiliários e financeiros. Isto demonstra que a informação não é simétrica e que existem fatores hegemónicos que apontam para objetivos dirigidos intencionalmente. Isto contrasta com os abusos financeiros dos quais nada se disse, pese a que estes estão na origem da profunda crise financeira que hoje assola o mundo. Só há que esperar que a investigação da Comco siga o seu curso e desentranhe a manipulação existente no mercado financeiro.

Mais informação: Business Week, WSJ.

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

Publicado em El Blog Salmón

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