O início de 2021 foi a data escolhida para que a Adobe terminasse todo o suporte para o seu programa Adobe Flash. A partir de 12 de janeiro, o acesso ao Flash Player vai mesmo ser bloqueado. A empresa divulgou uma nota em que recomenda “enfaticamente a todos os utilizadores que desinstalem o programa “o mais rápido possível a fim de proteger os seus sistemas”.
Em princípio, para a esmagadora maioria dos utilizadores, não será preciso quaisquer tomar medidas. A Microsoft, por exemplo, lançará uma atualização para o remover do Windows 10 e do Microsoft Edge, o seu browser.
Há muito que o Flash não era considerado seguro. Contudo, marcou uma era na internet. O programa, que permitia ver animações, vídeos e jogos em páginas de internet, era utilizado pelos principais navegadores (Mozilla Firefox, Internet Explorer, Google Chrome). E chegou a estar instalado na maior parte dos computadores pessoais com acesso à internet.
A sua história começa em 1993 através de Jonathan Gay, Michelle Welsh e Charlie Jackson. Primeiro foi um programa de desenho chamado SmartSketch. Dois anos depois é alterado para incluir animações e passa a chamar-se FutureSplash Animator. O programa acaba por ser comprado pela Macromedia, que tinha um rival o Macromedia Wave, em 1996. O nome pelo qual ficou primeiro conhecido, Macromedia Flash, nasce então e uma segunda versão é lançada em 97. Passa a integrar som estéreo, bitmaps, botões. Dois anos e duas versões mais tarde conta com 100 milhões de instalações e passa a estar integrado no Explorer da Microsoft, uma porta para um número gigantesco de utilizadores da internet. Em 2002, passa a integrar o Windows XP, acedia assim a 92% de todos os utilizadores da rede.
Em 2005, chega às mãos da empresa atual através da compra da Macromedia pela Adobe por 2,7 mil milhões de euros. O Youtube, que nasceu nesse mesmo ano, utilizava o Adobe Flash Player. Se o Adobe Flash era uma ferramenta de acesso, também foi uma ferramenta de criação onde foram feitas inúmeras animações e pequenos jogos de computador.
A reputação do programa foi sendo afetada pelas falhas de segurança e as críticas à sua utilização cresceram. Para além disso, era há muito considerado obsoleto. A linguagem HTML5 e o JavaScript dispensavam-no. Dez anos depois de ter nascido utilizando-o, o Youtube deixou de o Flash. O seu fim tornou-se inevitável e foi anunciado já em 2017.
Segundo a Google, citada pelo Le Monde, em 2018 apenas 8% dos utilizadores do Chrome tinham acedido a páginas com conteúdo Flash. Quatro anos antes, tinham sido 80%. A mesma fonte refere que as criações em Flash não serão perdidas. O Internet Archive criou um programa que permite aos jogos e animações feitos em Flash correrem. E, com o mesmo fim, outro programa já tinha sido criado em 2017, por Ben Latimore o Flashpoint.