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20 milhões de casos em todo o mundo. Ainda não é tarde demais, diz OMS

Cinco meses após a declaração oficial da pandemia Sars-Cov2, a Rússia aprova uma vacina ainda por testar. Registam-se cinco milhões de casos nos EUA, três milhões no Brasil e dois milhões na Índia, com um total de 737 mil mortos em todo o mundo.
Os anúncios sucedem-se na corrida pela primeira vacina para a Covid-19. Foto Creative Commons.
Os anúncios sucedem-se na corrida pela primeira vacina para a Covid-19. Foto Creative Commons.

Apesar da enorme “dor e sofrimento” provocada pela pandemia, “há raios de luz e esperança... e nunca é demasiado tarde para dar a volta”, diz Tedros Adhanom Ghebreysus, presidente da Organização Mundial da Saúde.

O cenário evolui de forma muito desigual. Na Grécia, tal como noutros países, relatórios diários apontam cada vez mais para uma segunda vaga pandémica. Mas na Nova Zelândia celebram-se 100 dias sem novos casos. Portugal conseguiu nos últimos 14 dias uma redução rápida de 30% de novos casos de covid-19, conjuntamente com a Suécia, a Croácia, Letónia e Eslovénia.

Estados Unidos da América, Brasil e Índia continuam a sofrer os maiores impactos pandémicos, com 160 mil, 101 mil e 44 mil mortos respetivamente. Têm também a maior fatia de infetados a nível mundial: cinco milhões nos EUA, três milhões no Brasil e 2,2 milhões na Índia. No Reino Unido, apesar de registar 311 mil casos de Covid-19, morreram já 46 mil pessoas devido à doença. Na Rússia, com perto de 900 mil casos confirmados, registam-se 15 mil mortes até ao momento.

O impacto nos profissionais de saúde também se faz sentir, com um total de 922 mortos nos EUA, conclui uma investigação do Guardian em parceria com a Kaiser News Health. Preocupante é o facto de não só o número de profissionais em risco continua a aumentar como serem as enfermeiras o grupo onde se registam mortes de forma desproporcionalmente alta, indicando problemas sérios na segurança proporcionada a estas trabalhadoras de risco.   

A mensagem do responsável máximo da OMS é simples: “suprimir, suprimir, suprimir. Se suprimirmos eficazmente o vírus, poderemos abrir com segurança as nossas sociedades”.

A competição pela supremacia nas vacinas

Os anúncios sucedem-se na corrida pela primeira vacina para a covid-19, com 165 candidatos em diferentes fases de testes em todo mundo, seis das quais já na fase 3, ou seja, em testes generalizados no público sob supervisão clínica. Estes testes servem para detetar efeitos secundários inesperados, bem como a sua eficácia numa amostra representativa da sociedade.

Mas uma vacina “é apenas parte da resposta”, alerta o diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan. “Temos de desenvolver uma vacina para uma população que quer e exige essa vacina”, relembrando que, ainda hoje, doenças como a poliomielite e o sarampo continuam a ressurgir em comunidades com fraca imunidade de grupo.

O responsável pela Saúde da administração Trump, Alex Lazar, afirmou hoje que a vacina em desenvolvimento nos EUA deverá estar pronta em dezembro deste ano. Enquanto que o seu congénere russo, Kirill Dmitriev, anunciou que a vacina do seu país - de nome Sputnik V, em referência ao primeiro satélite artificial lançado na década de 50 pela União Soviética -, está pronta para utilização generalizada, com acordos internacionais para a produção de 500 milhões de doses e pedidos de mais mil milhões por parte de 20 países.  

As organizações internacionais ainda não tiveram acesso à vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya. Mas o presidente russo, Vladimir Putin, declarou-a pronta para produção em massa, com inoculação prioritária para trabalhadores da saúde no país, a começar enquanto decorrem os testes de fase 3.

O presidente do instituto responsável pela Sputnik V, Alexander Gintsburg, afirmou que, inicialmente, haverá vacinas para testar em 15 regiões da Rússia (que tem um total de 85 regiões). Os testes em humanos começaram em junho, entre 76 voluntários, metade dos quais recebeu uma injeção líquida, outra metade uma solução em pó. Para além de pessoal militar, alegadamente as próprias equipas que desenvolvem a vacina terão recebido a vacina.

O Ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashki, declarou a vacina segura e eficiente, com produção alta de anticorpos entre os testados e, alegadamente, os testados “não tiveram grandes complicações da imunização”.

Na China, que tem duas vacinas em desenvolvimento pelas empresas CanSino e Sinovac, apesar de ainda não se terem procedido a testes em massa, a inoculação de pessoal militar foi anunciada em junho, mas não foi ainda autorizada a sua administração a civis.

Segundo o Guardian, para os especialistas, cautela é a palavra de ordem uma vez que a rapidez do desenvolvimento e teste destas vacinas está a deixar muitos passos de segurança e confirmação de lado. Um dos cenários que apontam como particularmente difícil de gerir será o caso de uma vacina se revelar fraca, dando às sociedades uma falsa sensação de segurança enquanto os grupos de risco continuarão expostos aos efeitos da pandemia.  

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