Em entrevista ao jornal I, o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda esclareceu que o Bloco apresentou a “moção de censura na plena responsabilidade que ela tem, ou seja, ela conduziria, se os partidos assim a votassem, a que houvesse eleições”. Francisco Louçã defendeu que “é melhor para o país evitar a degradação do dia-a-dia” e que “é melhor ter uma clarificação agora sobre os destinos do país, para que possamos escolher e parar esta corrida para o abismo, do que esperar mais dois anos em que já não teremos 700 mil mas 1 milhão de desempregados”.
No que respeita ao facto do PSD anunciar que não irá apoiar a moção de censura do Bloco, o dirigente relembrou que “na noite da moção de censura, antes de qualquer declaração nossa, já todos os ex-líderes do PSD tinham dito que o partido não a poderia apoiar” e ironizou: “Se o texto fosse construa-se uma estátua a Pedro Passos Coelho e garanta-se que ele vai ser santificado, tinham votado contra”.
Para o Bloco é claro que “estamos a ser governados por um acordo entre o PS e o PSD” e que o “PSD quer este governo a governar da pior forma possível, prolongar a agonia”.
Francisco Louçã afirmou que “era possível ter um bom orçamento, só que o PS é infiel à esquerda” e ao “trabalhador que vota no PS”, preferindo “suportar os interesses financeiros”.
“Se houver intervenção do FMI deve haver eleições”
Questionado sobre se o governo deve demitir-se caso Portugal tenha que pedir ajuda externa ao Fundo de Estabilização Europeu e ao FMi, Francisco Louçã é peremptório: “Sim. Se houver intervenção do FMI deve haver eleições”. “Era inaceitável que houvesse uma abdicação da intervenção económica e social definida no âmbito nacional para aceitar uma tutela que é desastrosa, sem que os portugueses se pronunciassem”, adiantou.
“Nunca faremos alianças com um partido que ataca o salário e o emprego”
Quanto a uma possivel aliança de governo, o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda clarifou: “Nunca faremos alianças com um partido que ataca o salário e o emprego”. Para o Bloco, “700 mil desempregados e um milhão de recibos verdes não é governabilidade, é destruir”, sendo que “para haver governabilidade à esquerda é preciso quebrar o bloco central. É preciso ter uma força de esquerda suficientemente concreta e representativa que possa projectar o governo para o salário e para o emprego”.
Francisco Louçã vai mais longe ao afirmar que o Bloco “nunca fará alianças para promover a precarização do trabalho” e que o “PS não defende o salário e o emprego”.