Na sessão do Bloco de Esquerda, realizada nesta sexta feira em Santa Maria da Feira, interveio em primeiro lugar o deputado Pedro Filipe Soares que abordou a temática dos combustíveis, sublinhando que Portugal tem os combustíveis e a electricidade mais caros da Europa, mas no sector da energia a riqueza foge do país.
Pedro Filipe Soares referiu que a EDP teve em 2010 os maiores lucros de sempre, mais de mil milhões de euros e que a GALP “foge” para a Holanda para não pagar impostos. “Ficamos duplamente mais pobres com preços mais altos e mais impostos”, realçou o deputado do Bloco.
Francisco Louçã falou também do preço dos combustíveis, referindo “não aceitamos mais desculpas dos presidentes da autoridade da concorrência, que dizem que não há combinação de preços mas há, combinados por quatro grandes empresas”. O coordenador da comissão política do Bloco concluiu que “sem pagar o imposto devido não há justiça”, salientando que é necessária transparência sobre a verdade dos preços e contra o “assalto aos consumidores”.
Francisco Louçã respondeu ainda a Francisco Assis, que acusou o Bloco de defender sociedades sem democracia: “Para o Bloco a luta socialista tem de ser luta pela democracia. Ora quem concorda menos com isso? O PS. Os ditadores do Egipto e da Tunísia eram camaradas da internacional socialista. Aos dirigentes daqueles regimes pavorosos o PS chamava camaradas”.
Explicando o objectivo da moção de censura, o dirigente do Bloco disse que “o Bloco de Esquerda não está disposto a promover a continuação de um Governo que vai aceitando as medidas do PSD” – tal como o PSD aceita as do Governo – “até um ponto em que a sociedade fica destroçada”.
“O PSD recusou aprovar a moção de censura antes de a ter lido. Quis garantir ao Governo socialista que o apoiava, independentemente do que dissesse a moção”afirmou Louçã, realçando que “o PSD tem uma atitude totalmente cínica, porque está à espera que o Governo faça asneiras. É como um abutre a aguardar, porque sabe que, quanto mais desemprego houver, mais a Direita vai ter força”.
Por fim, Francisco Louçã disse que vários dirigentes do PS defendem agora uma “ideia nova”, com Sampaio e Santana: “Dizem que solução é um governo de bloco central, cada vez mais vozes dizem isso”. O que o Bloco quer “não é continuação”, afirmou Louçã, sublinhando que “casamento entre PS e PSD já existe nas privatizações e no corte salários” e que a “Esquerda tem de vencer o plano da direita”, porque defende uma economia que recupere e que haja justiça fiscal. “Contra uma aliança irresponsável, queremos responsabilidade à esquerda”, concluiu.