Dossier 292: Rosa, uma vida cor de luta

Revolução alemã? A expressão causará estranheza em muitas pessoas. O que se passou na Alemanha há cem anos foi apagado da memória coletiva. Mas não foi um detalhe. Foram momentos decisivos que se pagaram caro. Esmagada brutalmente primeiro e esquecida cinicamente depois, há que lembrá-la.

Carlos Carujo

A revolução alemã faz cem anos. E com ela o assassinato de Rosa Luxemburgo, de Karl Liebknecht e de tantas e tantos outros. Ocasião para revisitar a vida e obra de Rosa Luxemburgo. Dossier organizado por Carlos Carujo.

A leitura de Isabel Loureiro da teoria da acumulação do capital de Rosa Luxemburgo vai além da mera análise dos seus “erros” como tem sido tradicionalmente feito por alguns autores. Loureiro revela uma economista que abre portas à compreensão do papel dos países periféricos na economia capitalista.

Rory Castle apresenta-nos a vida de Rosa Luxemburgo.  E conclui que "as suas ideias e por vezes a mera menção do seu nome continuam a provocar, inspirar e desafiar 'como o estalar de um trovão'."

Nancy Holmstrom discute o legado feminista de Rosa Luxemburgo à luz de alguns debates contemporâneos. Para além do exemplo de uma vida emancipada, haverá um feminismo de Rosa Luxemburgo?

Anti-militarismo, democracia de base, socialização dos meios de produção. Este texto programático foi escrito por Rosa Luxemburgo, publicado no final de 1918, e aprovado em seguida no congresso de fundação do Partido Comunista da Alemanha com poucas alterações.

Gabriel Maissin sintetiza os aspetos fundamentais do pensamento de Rosa Luxemburgo: da polémica contra o revisionismo, à sua teoria da greve de massas, ao seu diálogo crítico com os bolcheviques e à sua teoria económica sobre “a acumulação do capital”.

Das suas origens polacas, ao período como estudante na Suíça até às vicissitudes da sua ação política na Alemanha, esta cronologia da vida de Rosa Luxemburgo apresenta-nos as principais etapas da vida da dirigente revolucionária.

Nesta cronologia mostra-se a sequência dos acontecimentos mais marcantes a revolução alemã. Desde a cisão partidária devido ao apoio da social-democracia ao esforço de guerra nacionalista até ao final do processo revolucionário.

Philippe Corcuff identifica no pensamento de Rosa Luxemburgo a possibilidade de uma via alternativa ao bolchevismo e ao anarquismo. A sua posição sobre a relação entre meios e fins da ação revolucionária seria assim a base de uma “nova política da emancipação”.

António Louçã reflete neste artigo sobre a atualidade do pensamento de Rosa Luxemburgo no tempo da revolta dos coletes amarelos concluindo que “as alternativas pseudo-reformistas do nosso tempo confirmam o sentido mais geral da argumentação de Rosa Luxemburg sobre a natureza do reformismo”.