China: novos protestos contra o Japão

19 de October 2010 - 19:09

Manifestações contra a ocupação japonesa das ilhas Diaoyu mobilizam dezenas de milhares. Primeiro-ministro do Japão protesta.

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Manifestação em Mianyang, na província de Sichuan, teve entre 10 a 30 mil participantes.

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No domingo, pela segunda vez, manifestantes saíram às ruas para protestar contra a ocupação japonesa das ilhas Diaoyu, que os chineses consideram suas. Os japoneses, que também as consideram suas, chamam-lhes ilhas de Senkaku.

A manifestação, em Mianyang, na província de Sichuan, teve entre 10 a 30 mil participantes, de acordo com várias fontes, que não foi possível confirmar. Apesar de o governo chinês estar a pedir calma, os manifestantes enfrentaram a polícia, atiraram pedras a um restaurante japonês e partiram os vidros dos carros japoneses.

No domingo, o supermercado japonês Ito-Yokado, em Chengdu, abriu as portas sob forte protecção policial.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, declarou serem lamentáveis os acontecimentos, solicitando ao governo da China que proteja os cidadãos japoneses e as empresas instaladas no país.

Empresas como Honda, Nissan, Toyota, Kobelco, contactaram as suas filiais chinesas para se certificarem que os seus funcionários se encontram bem.

A crise das relações sino-japonesas levou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Seiji Maehara, a declarar também, nesta segunda-feira, que a China teve uma atitude histérica no episódio da prisão do capitão do barco chinês que colidiu com um barco da guarda costeira japonesa semanas atrás. Após a prisão do capitão chinês, a China tomou uma serie de medidas retaliatórias, como a prisão de quatro funcionários de uma empresa japonesa que opera na China. As agências de viagens chinesas passaram a não divulgar mais pacotes turísticos relacionados com o Japão, e o que tem causado mais transtornos é a suspensão da exportação de metais raros, uma área onde a China controla 90% do mercado mundial, afectando as empresas japonesas que necessitam dessa matéria prima.

Burocracia chinesa não consegue manter o controlo

Os acontecimentos deste ano demonstram claramente que se, por um lado, a burocracia governante chinesa mantém o país na base do chicote e de uma repressão brutal, por outro lado, dado a complexidade do país, não consegue manter o controlo de forma absoluta.

A primeira demonstração disso foi a poderosa onda de greves que sacudiu, principalmente, as montadoras japonesas instaladas na China este ano. E a segunda demonstração são os actuais protestos anti-Japão, que também surgiram fora do controlo da burocracia dirigente. A Internet tem sido um dos instrumentos utilizados pela nova geração de activistas chineses para se organizar. É exactamente por isso que, quando Liu Xiaobo, recebeu o Prémio Nobel da Paz, as palavras “Liu Xiaobo” e “Prémio Nobel da Paz” foram completamente apagadas da Internet chinesa e a burocracia mantém a esposa de Liu completamente isolada, numa espécie de prisão domiciliar.