Trabalhadores do Alfeite em vigília

09 de July 2009 - 17:04
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Arsenal do Alfeite passa a sociedade anónima de capitais públicos Com a passagem do Arsenal do Alfeite a S.A., a empresa quer dispensar parte dos 1160 trabalhadores e fazer com que os restantes assinem contratos individuais de trabalho ou de cedência de interesse público, o que lhes retira direitos. Os arsenalistas entram em vigília e têm plenário marcado para as 15h de sexta-feira.



A passagem dos trabalhadores para os quadros da nova empresa, que oficialmente arranca no fim de Agosto, está a ser marcada por um clima de incerteza. "Actualmente não se sabe quantos trabalhadores vão transitar, estes não conhecem qual vai ser o seu futuro”, diz Celeste Soeiro, do Sindicato dos Trabalhadores dos Estabelecimentos Fabris das Forças Armadas. A administração diz que os trabalhadores que não aceitem a mudança de contratos serão encaminhados para a mobilidade especial, com o consequente corte no salário.



"O que queremos é que os trabalhadores transitem [para a nova empresa] com todas as regalias e todos os direitos que já têm ao longo destes anos e também que sejam garantidos todos os postos de trabalho" referiu a dirigente sindical.



A concelhia de Almada do Bloco de Esquerda lançou esta semana um comunicado em que denuncia a pressão de algumas chefias que dizem aos trabalhadores que a nova administração não contará com eles a partir de 1 de Setembro.



"Não é possível ainda afirmar quantos trabalhadores ficarão na próxima empresa e quantos passarão à

mobilidade especial, com as inevitáveis consequências de redução significativa dos respectivos salários. Tudo

parece acontecer sem qualquer preocupação, quer dos governantes quer dos chamados gestores da sua

política, criando ainda mais dificuldades a quem vive já hoje numa situação complicada com o mês a sobrar no

fim do salário", diz o comunicado do Bloco/Almada.



A sindicalista Celeste Soeiro confirma que as propostas apresentadas pelo ministério da Defesa são o «contrato individual de trabalho» ou «um acordo de cedência de interesse público» e que ao assinarem qualquer um destes documentos, os trabalhadores passam a estar «desvinculados da administração pública».



A orientação do sindicato e da Comissão de Trabalhadores é para ninguém assinar o novo contrato ou o acordo de cedência. "Estas duas propostas apenas diferem no nome porque no conteúdo são iguais, os trabalhadores que tenham um contrato individual ficam como se iniciassem um novo posto de trabalho, começando tudo de novo sem que o seu tempo de serviço conte e no acordo de cedência todo o clausulado é igual», com a diferença de que «a administração pode prescindir dos serviços de qualquer trabalhador desde que o avise com 30 dias de antecedência», diz Celeste Soeiro.

 


Leia também:

 

Comunicado do Bloco/Almada, 5 Julho 2009

O futuro do Arsenal do Alfeite, por Fernando Rosas

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