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ONU: Fome no mundo atingiu o maior número de sempre

Os conflitos armados, alterações climáticas e a pandemia podem fazer a situação piorar ainda mais, diz o responsável pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas. Só no Brasil há mais de dez milhões sem acesso regular a alimentação.
Fome no mundo atingiu o maior número de sempre
Fotografia de Yamanaka Tamaki/Flickr.

O chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU alertou que milhões de pessoas podem ser atingidas pela fome devido à combinação entre conflitos armados, alterações climáticas e a pandemia de covid-19.

David Beasley, do Programa Alimentar Mundial (PAM), esteve no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde recordou que no passado mês de abril tinha alertado sobre a possibilidade de "uma pandemia de fome" e apelou às nações doadoras e aos multimilionários para que ajudem a fornecer meios que possam garantir a sobrevivência das pessoas em risco.

Em todo o mundo, há neste momento 138 milhões de pessoas afetadas pela fome. "É o maior número da nossa história", explicou. E a estes números juntam-se os 270 milhões de pessoas que se "aproximam cada vez mais" de situações de fome.

"Neste momento, 30 milhões dependem das ajudas do PAM e não vão poder sobreviver sem esta ajuda", avisou, especificando que a situação já atinge "três dezenas de países" e pode tornar-se mais profunda em regiões onde se verificam conflitos armados, como é o caso do Congo, Iémen, Nigéria ou Sudão do Sul, lembra a Lusa. 

Para alimentar esses 30 milhões de pessoas são necessários cerca de 4,9 mil milhões de dólares (cerca de 4,13 mil milhões de euros) e, para tal, o PAM pede a ajuda dos mais ricos. 

"Chegou a altura de aqueles que mais têm se chegarem à frente e ajudarem os que nada têm, pelo menos neste período extraordinário da história mundial", disse Beasley.

"No mundo inteiro há mais de dois mil multimilionários" acrescentou David Beasley, antigo governador do Estado norte-americano da Carolina do Sul, sublinhando que muitas fortunas nos Estados Unidos "estão a fazer milhões [de dólares]" durante a pandemia. 

Só no Brasil, de acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas que não têm acesso a alimentação regular básica no Brasil aumentou para 10,3 milhões entre os anos de 2017 e 2018. 

O instituto adota uma metodologia que divide os domicílios em três níveis: leve, moderado e grave. Um domicílio é classificado com insegurança leve quando aparece preocupação com acesso aos alimentos no futuro e a qualidade da alimentação já está comprometida. No segundo nível, de insegurança moderada, os moradores já têm uma quantidade restrita de alimentos. Já a insegurança grave aparece quando os moradores passaram por privação severa no consumo de alimentos, podendo chegar à fome.

Dentro desta classificação, o IBGE identificou que dos 68,9 milhões de domicílios do país 36,7% estavam com algum nível de insegurança alimentar que atingiu, ao todo, 84,9 milhões de pessoas no período pesquisado (2017-2018).

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