Milhares de presos palestinianos entram em greve da fome

16 de April 2017 - 23:03

Às zero horas de 17 de abril, entram em greve de fome ilimitada as mais de 6.300 pessoas palestinianas presas nas cadeias israelitas, entre as quais 300 menores e 13 deputados. Amnistia Internacional acusa Israel de violar a Quarta Convenção de Genebra.

PARTILHAR
Mais de seis mil preso/as palestiniana/os entram em greve da fome por tempo ilimitado, nesta segunda-feira 17 de abril de 2017

Greve da fome ilimitada

Desde 1974 que o Conselho Nacional Palestiniano decidiu que o dia 17 de abril é dedicado aos presos e às presas palestinianas.

Este ano o apelo é para uma greve da fome ilimitada, segundo a agência Media Palestine.

Akram Atalah Alayasa, porta-voz da comissão sobre os assuntos dos detidos e ex-detidos dependente da Autoridade Nacional Palestiniana, declarou à agência espanhola Efe que, desde 1967, 850 mil palestinianos passaram pela prisão, o que significa que um quinto da sociedade palestiniana e 40% dos adultos do sexo masculino passaram pela cadeia.

500 pessoas presas sem acusação nem julgamento durante seis meses renováveis indefinidamente

Num informe divulgado recentemente, aquela comissão e dois outros organismos palestinianos apontam que desde a Segunda Intifada (2000-2005) cerca de cem mil palestinianos estiveram presos, entre os quais 15.000 menores, 1.500 mulheres e 50 deputados. Desde outubro de 2015 já estiveram presas mais de 10.000 pessoas palestinianas, um terço das quais menores de idade. Em março de 2017, foram presas 509 palestiniana/os.

Segundo a organização Addameer, que está situada em Ramalá e trabalha em defesa dos presos, haverá atualmente cerca de 6.300 presos, dos quais 61 mulheres, 300 menores de 18 anos e 13 deputados.

500 pessoas presas não sabem do que são acusadas, nem quanto tempo estarão presas, uma vez que foram presas em “detenção administrativa”, fórmula que permite manter as pessoas presas sem acusação nem julgamento durante seis meses renováveis indefinidamente.

Amnistia: Política “ilícita e cruel”

Perante o anúncio da greve da fome, o ministro da Segurança Pública de Israel, Gilad Erdan, ordenou o estabelecimento de hospitais militares para que os presos não sejam transferidos para centros de saúde públicos, onde os médicos se recusaram a alimentá-los à força.

Amnistia Internacional (AI) acusou esta prática de violar a Quarta Convenção de Genebra

A Amnistia Internacional (AI) acusou esta prática de violar a Quarta Convenção de Genebra e pediu a Israel que acabe com esta política “ilícita e cruel”.

A AI sublinha que, segundo o direito internacional, os detidos em territórios ocupados não podem ser transferidos para território da potência ocupante, como acontece na Palestina, e exige que terminem “as restrições excessivas dos direitos de visita”, que estão a ser aplicados como meio para castigar os presos e as suas famílias”.

Principais reivindicações

Segundo a agência Media Palestine, as principais reivindicações das pessoas presas são sobre as visitas e os cuidados médicos.

Solidariedade com a greve da fome
Solidariedade com a Greve da Fome - Apoia os prisioneiros palestinianos

Sobre as visitas, exigem nomeadamente:
- reprogramação da segunda visita prevista pela Cruz Vermelha e que foi anulada;
- respeito pela regularidade das visitas, de duas em duas semanas;
- fim da proibição das visitas aos familiares próximos do detido;
- prolongamento da duração da visita de 45 para 90 minutos;
- autorização para que a pessoa detida seja fotografada com familiares de três em três meses;
- facilitar o acolhimento dos familiares de detidos à porta das prisões;
- permitir que as crianças de menos de 16 anos entrem em cada visita;
- detidas palestinianas pedem transporte particular nas transferências e nas visitas fora do parlatório.

Telefone público para os detidos em todas as prisões e nas diferentes secções, para que possam comunicar com a família.

Cuidados médicos, para além do encerramento do chamado “Hospital da prisão Al Ramla”, pela falta de condições necessárias para o tratamento dos detidos, as pessoas presas e as organizações que as apoiam reivindicam, nomeadamente:
- organização de consultas médicas periódicas,
- intervenções cirúrgicas e tratamentos atempados, de acordo com a urgência necessária;
- permitir que os médicos especialistas acedam ao estabelecimento;
- libertação dos detidos que sofrem de doenças crónicas ou com deficiência;
- cuidados médicos não devem ser da responsabilidade dos presos.

Solidariedade Internacional

[[{"fid":"83338","view_mode":"default","fields":{"format":"default","field_file_image_alt_text[und][0][value]":false,"field_file_image_title_text[und][0][value]":false,"field_folder[und]":"418"},"type":"media","link_text":null,"attributes":{"height":"357","width":"700","class":"media-element file-default align-left"}}]]Desde 14 de abril que se estão a realizar ações de solidariedade com os presos políticos palestinianos em muitas cidades e países de todo o mundo.

Estas ações vão decorrer também nos próximos dias e, sobretudo, até 25 de abril.

No site samidoun.net pode-se aceder a uma listagem de ações de solidariedade