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Jornais australianos publicam primeiras páginas “censuradas”

Os principais jornais australianos apresentaram esta segunda-feira primeiras páginas rasuradas a negro como se tivessem sido censurados e com a frase “quando o governo esconde a verdade, o que está a encobrir?”. Protestam contra a criminalização da publicação de informações ligadas a interesses de Estado.
Capa de um dos jornais australianos que "auto-censurou" a primeira página. Outubro de 2019.
Capa de um dos jornais australianos que "auto-censurou" a primeira página. Outubro de 2019.

São de grupos económicos rivais e são os maiores concorrentes mas juntaram-se para denunciar a forma como o governo australiano lida com a liberdade de expressão.

Esta segunda-feira quem fosse comprar um jornal na Austrália depararar-se-ia com um cenário inédito: as capas dos principais diários estavam rasuradas como se tivessem sido alvo de censura. A iniciativa surge depois das rusgas policiais do passado mês de junho que visaram a casa de uma jornalista da News Corp e a sede da televisão pública. Em questão estava a publicação de documentos secretos que tinham chegado às mãos dos jornalistas sobre a investigação de crimes de guerra das tropas australianas no Afeganistão.

Para além disto, o governo criminalizou a divulgação de informações “ligadas a interesses de Estado”, colocando em causa o trabalho dos jornalistas e permitiu o acesso policial a metadados dos cidadãos no âmbito das mais de 70 leis “anti-terrorismo” e de segurança aprovadas recentemente.

Outras críticas são ainda apresentadas ao governo como por exemplo a sua recusa de tornar público em que lares foram encontradas situações de abuso de idosos ou que terrenos agrícolas foram vendidos a entidades estrangeiras.

Do lado do governo e da polícia surgem tentativas de apaziguar a situação com a imprensa sem resultados práticos. Segundo a agência AP, o primeiro-ministro Scott Morrison escusou-se a responder se os jornalistas vítimas da rusga iriam ser acusados disse que “as pessoas não deveriam ser perseguidas pela sua profissão” mas acrescentou que “não há ninguém neste país acima da lei”.

O novo comissário de polícia, Reece Kershaw, também prestou declarações esta segunda-feira perante um comité no Senado afirmando que planeia reunir com os editores dos principais meios de comunicação do país de forma a discutir as suas preocupações garantindo que “a independência da polícia e a liberdade de imprensa são ambos pilares fundamentais que coexistem na nossa democracia” e que há já novas linhas de atuação para investigar casos em que jornalistas revelem documentos oficiais.

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