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Fome e violência levam milhares de sul-sudaneses a refugiar-se em países vizinhos

Segundo o porta-voz da ACNUR, Adrian Edwards, 38 mil pessoas deixaram o país em direção ao Sudão nos últimos dois meses. Artigo de Ópera Mundi.
Além da seca que assola diferentes partes do país, os sul-sudaneses enfrentam a inflação e o aumento dos preços causados pelo conflito, foto de Ron Savage/Flickr.

A crise alimentar e a violência no Sudão do Sul estão a forçando a saída de milhares de pessoas em direção ao Sudão, informou a ACNUR (Agência das Nações Unidas para os Refugiados) no passado dia 29.

O porta-voz da ACNUR, Adrian Edwards, disse que a situação é particularmente preocupante nos estados de Bahr el-Ghazal do Norte e Warrap, localizados no noroeste do país. Segundo Edwards, 38 mil pessoas deixaram o Sudão do Sul para se refugiarem no Sudão nos últimos dois meses.

“A insegurança é a principal responsável por isso, mas, de forma crescente, a insegurança alimentar também está a fazer com que mais pessoas se desloquem”, afirmou ao site Voice of America.

Edwards disse que há vários trabalhos de pesquisa em curso em diferentes partes do Sudão para determinar as melhores formas de ajudar os refugiados. Segundo ele, a assistência humanitária atual não é suficiente para amenizar o quadro. Acrescentou ainda que são comuns os casos de crianças que se separam de suas famílias durante o percurso e muitos refugiados enfrentam superlotação e doenças nos abrigos.

De acordo com as Nações Unidas, 2.3 milhões de pessoas deixaram suas casas no Sudão do Sul desde a eclosão da violência no país em dezembro de 2013. Estima-se que cerca de 631 mil estejam refugiadas nos países vizinhos Etiópia, Quénia, Sudão e Uganda.

Também nesta terça-feira a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) divulgou um comunicado a alertar para a gravidade da situação no país, que é a nação mais jovem do mundo.

“Há informações alarmantes sobre fome, má nutrição aguda e níveis catastróficos de insegurança alimentar nas zonas mais afetadas pela violência atual”, indicou a FAO em comunicado.

Além de uma seca que assola diferentes partes do país, os sul-sudaneses enfrentam a inflação e o aumento dos preços, resultantes da violência que afeta o país desde 2013.

Segundo a ONU, a insegurança alimentar estendeu-se para zonas até então consideradas estáveis, e os prognósticos para o resto do ano são “sombrios”, com “um rápido esgotamento dos produtos alimentícios”.

Dados da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revelam que a fome afeta um em cada quatro sul-sudaneses, o equivalente a 2.8 milhões de pessoas.

Localizado na África Ocidental, o Sudão do Sul está em conflito desde 2011 após a declaração de independência em 2011. As condições pioraram em 2013 com a queda do então presidente do país, Salva Kiir. Apesar de um acordo de paz assinado em agosto de 2015, em várias partes do país ainda ocorrem conflitos.

Artigo publicado originalmente na Ópera Mundi a 29 de março de 2016.

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