Dois eurodeputados portugueses votaram contra resolução para salvar vidas no Mediterrâneo

30 de October 2019 - 0:10

Por dois votos o Parlamento Europeu chumbou a proposta de criação de mecanismos de proteção de vidas no Mediterrâneo, como denunciou Marisa Matias. Os eurodeputados Nuno Melo do CDS e Álvaro Amaro do PSD votaram contra e José Manuel Fernandes do PSD absteve-se.

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A votação da resolução para salvar vidas no Mediterrâneo foi chumbada no Parlamento europeu por dois votos
A votação da resolução para salvar vidas no Mediterrâneo foi chumbada no Parlamento europeu por dois votos

No artigo “As vidas dos outros”, publicado no passado sábado 26 de outubro no jornal “Diário de Notícias” e republicado no domingo no esquerda.net, a eurodeputada bloquista Marisa Matias denunciava que “a proposta de salvar vidas foi chumbada por dois votos, 290 contra 288” e afirmava: “poucas votações me ficaram tão presas na pele como esta que hoje, quinta-feira, decorreu no plenário em Estrasburgo”.

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Poucas votações me ficaram tão presas na pele como esta que hoje, quinta-feira, decorreu no plenário em Estrasburgo. A proposta de salvar vidas foi chumbada por dois votos, 290 contra 288.

Marisa Matias
Sobre o/a autor(a)

Marisa Matias

Eurodeputada, dirigente do Bloco de Esquerda, socióloga.

No mesmo artigo, Marisa Matias dava conta do entusiasmo da extrema-direita com esta votação e sublinhava que “duas deputadas e um deputado do PSD, Cláudia Monteiro de Aguiar, Lídia Pereira e Paulo Rangel” não tinham seguido “o sentido de voto do seu partido ou da sua família política, onde se inclui o CDS/PP”.

Esta situação foi comentada e criticada nas redes sociais nos últimos dias, como se pode verificar pelo tweet abaixo:

Depois desta denúncia, a eurodeputada Maria Graça Carvalho, eleita pelo PSD, veio esclarecer no twitter que “é falso que tenha tomado posição contra o auxílio aos refugiados. O meu voto, na resolução em causa, foi favorável”:

Nuno Melo diz que há uma “tentativa de instrumentalização” das ONG – Foto de Fernando Veludo/Lusa
Nuno Melo diz que há uma “tentativa de instrumentalização” das ONG – Foto de Fernando Veludo/Lusa

Em esclarecimento à Lusa, o eurodeputado Nuno Melo, eleito pelo CDS, assim como os outros dois eurodeputados, diz que não votou a favor da resolução porque a proposta do PPE foi chumbada. E afirma: “As razões do voto contra à proposta socialista foram: a recusa da distinção entre refugiados e migrantes, sabendo-se que a uns e outros se aplicam leis diferentes, e recursos sempre escassos”. E acrescenta argumentos muito propagandeados pela extrema-direita: a suposta “tentativa de instrumentalização” das ONG, a conjetura de que existe uma “recusa da necessidade da cooperação com países terceiros” ou ainda o negócio de traficantes e grupos criminosos que, afinal, têm sido ajudados pelas políticas da extrema-direita.

Note-se que Nuno Melo, na campanha das eleições europeias declarou que o partido espanhol xenófobo e racista Vox, não é de extrema-direita. (ver artigo no esquerda.net: Candidato do CDS branqueia partido espanhol de extrema-direita).

Álvaro Amaro diz que votou contra “salvar vidas” no Mediterrâneo, porque a resolução não teve em conta a posição do PPE
Álvaro Amaro diz que votou contra “salvar vidas” no Mediterrâneo, porque a resolução não teve em conta a posição do PPE

Álvaro Amaro escreveu na sua declaração de voto que “infelizmente, a presente resolução não teve em conta a posição do meu grupo político. Entendi, assim, seguir a linha de voto indicada pelo PPE e votar contra”. O eurodeputado acrescentou ainda que a UE deve “reforçar urgentemente as missões de busca e salvamento”, apesar desta afirmação ser manifestamente contraditória com o seu voto.