“Dilma Rousseff foi vítima de um golpe parlamentar”

16 de March 2017 - 13:29

Catarina Martins manifestou esta quinta-feira solidariedade com a antiga Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que foi vítima de um "golpe parlamentar" por parte de um "Governo ilegítimo" com um projeto "neoliberal".

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Catarina Martins e Joana Mortágua durante a reunião com Dilma Rousseff. Foto de Miguel. A.Lopes/Epa/ Lusa

Em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com Dilma Rousseff que teve lugar na sede nacional do Bloco, em Lisboa, Catarina Martins começou por afirma que "o Bloco de Esquerda teve muito prazer em recebê-la e perceber um pouco melhor a situação que se está a viver no Brasil.”

“Houve um golpe parlamentar que derrubou de forma ilegítima a Presidenta Dilma Rousseff. Temos o povo brasileiro em amplas manifestações na rua contra o que o Governo ilegítimo está a fazer de destruição do estado social”, afirmou Catarina Martins, que lembrou “a enorme revolta por se saber hoje que aqueles que fizeram o impeachment estão presos ou acusados de corrupção".

“Desde a primeira hora que o Bloco denunciou o golpe parlamentar e a sua ilegitimidade tendo-se solidarizado com Dilma e com todos aqueles que no Brasil querem respeitar a vontade democrática do povo”, notou Catarina, tendo ainda sublinhado a situação de “enorme instabilidade” que se vive no país atualmente.

Sobre os temas analisados na reunião, Catarina disse aos jornalistas que se discutiu um pouco a situação internacional, a crise financeira e económica e a forma como esta chegou à Europa e ao Brasil em tempos diferentes.

Para a dirigente do Bloco, as políticas neoliberais estão a destruir as economia e o emprego um pouco por todo o mundo e por isso o projeto económico que está por detrás do golpe no Brasil visa atacar as funções sociais do Estado por um lado e por outro privatizar os setores estratégicos e as principais empresas daquele país sul-americano.

Essa situação, prosseguiu, vulnerabiliza e torna o Brasil incapaz de fazer face à sua crise e por isso é perigoso porque pode vir a destruir as possibilidades de sobrevivência económica de um país que tem riquezas imensas, avançou a coordenadora do Bloco.

"Eleições na Holanda confirmam cenários preocupantes"

Instada a pronunciar-se sobre os resultados das eleições na Holanda, Catarina Martins manifestou a sua preocupação devido ao enorme crescimento da extrema-direita.

"As eleições na Holanda confirmam cenários preocupantes na Europa. Houve um enorme crescimento da extrema-direita, mas a direita liberal ganhou ainda assim as eleições”, afirmou, tendo acrescentado que “foram eleições muito participadas, mas não reduziram a extrema-direita a uma força pequena, pois consegue ser a segunda força do país".

Por outro lado, a dirigente do Bloco salientou que “as eleições mostram também que as políticas liberais e mesmo xenófobas - ainda que envergonhadas - da direita holandesa no poder ajudaram a extrema-direita a crescer e, por outro lado, o descrédito do Partido Trabalhista, com incapacidade de ser alternativa porque fez tudo o que a direita queria".

Para Catarina Martins os portugueses poderão vir a sentir "algum alívio agora que Dijsselbloem deixará de ser presidente do Eurogrupo, uma vez que o seu partido teve um descalabro eleitoral”.