Esta reportagem está incluída no programa Mais Esquerda, que pode ser visto aqui e que inclui ainda uma reportagem sobre uma petição lançada pela Plataforma Anti-Transporte de Animais Vivos pela abolição das viagens marítimas de vacas e ovelhas vivas (que pode ser vista aqui).
O CheckpointLX é um centro comunitário dirigido a homens que têm sexo com homens para o rastreio rápido, anónimo e gratuito do VIH e outras doenças sexualmente transmissíveis, além de aconselhamento sexual e referenciação para o Serviço Nacional de Saúde. Toda a equipa é constituída por técnicos que são, também eles, homens que têm sexo com homens.
João Brito, o Coordenador Técnico do CheckpointLX, explicou ao esquerda.net a origem do centro. "Era muito difícil, para alguns homens, discutirem a sua sexualidade e as práticas e o risco que estava associado às práticas em locais que eram dirigidos à população em geral. Nós achávamos que um projeto gerido por pares em que a intervenção fosse feita por esses pares eliminaria alguns obstáculos e algumas dificuldades na realização do teste".
Maria José Campos, médica e Coordenadora Científica do centro acrescenta: "aquilo que se pretende com esta abordagem comunitária é que as próprias pessoas tomem nas suas mãos as suas decisões com base em informação científica, validada, e não com base no medo ou na discriminação. E assim possam avaliar, dentro das suas práticas sexuais, o grau de risco de cada uma delas em cada momento e tomar decisões. Ninguém se propõe a tomar decisões pelas próprias pessoas".
Para conseguir manter o serviço é necessário financiamento e aí tem havido vários sufocos e percalços pelo caminho. Felizmente tem sido possível sobreviver, mas com muito esforço por parte da equipa e com algum trabalho voluntário
O centro abriu em abril de 2011 apenas com o rastreio do VIH e ao longo destes quase 6 anos foi acrescentando o rastreio rápido de sífilis, da Hepatite C, de gonorreia, clamídia e HPV/cancro anal, completando o leque de todas as infeções sexualmente transmissíveis facilitadoras da infeção pelo VIH e que muitas vezes não apresentam sintomas. Entretanto abriu ainda uma consulta médica. São detetadas em média, 8 a 10 novas infecções por VIH em cada mês.
Esta taxa de deteções significa que o centro já encaminhou para o Serviço Nacional de Saúde algumas centenas de pessoas. "O objetivo deste centro é, obviamente, o diagnóstico precoce da infeção, porque todos sabemos que quanto mais cedo for diagnosticada a infeção pelo VIH, mais cedo chega ao hospital e é tratada. Para bem da saúde individual daquela pessoa, mas também da comunidade em geral, porque sabe-se hoje que qualquer pessoa que está infetada pelo VIH se iniciar tratamento antirretroviral fica com carga viral indetetável e, como tal, não transmite a infeção e esse é também o objetivo deste centro", sublinha Maria José Campos.
O centro dá informação e divulgação sobre a profilaxia pós exposição para o VIH e acompanhamento médico de quem está a tomar a profilaxia pre exposição, à qual o Mais Esquerda já dedicou uma reportagem. O Checkpoint LX já teve o reconhecimento como centro de boas práticas pela Organização Mundial de Saúde e pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças, mas isso não impede que continue a ter falta de financiamento.
O reconhecimento, para Maria José Campos, é importante, mas não garante a continuidade do serviço. "Para conseguir manter o serviço é necessário financiamento e aí tem havido vários sufocos e percalços pelo caminho. Felizmente tem sido possível sobreviver, mas com muito esforço por parte da equipa e com algum trabalho voluntário, sem dúvida".
O trabalho de rastreio da equipa não se esgota dentro das instalações do Checkpoint: há uma unidade móvel que há dois anos faz testes no recinto do Arraial Pride e semanalmente à porta de uma sauna gay de Lisboa, a Trombeta.
O vídeo da reportagem pode ser visto em baixo.