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Bulgária: as ruas exigem fim da corrupção, Borissov remodela governo

Há mais de uma semana que milhares de búlgaros saem às ruas de Sófia exigindo a demissão do governo acusado de corrupção. O primeiro-ministro Borissov agarra-se ao poder afastando três dos mais importantes ministros.
Manifestantes anti-governo na Bulgária. Foto de@georgebg_/Twitter.
Manifestantes anti-governo na Bulgária. Foto de@georgebg_/Twitter.

Boyko Borissov, primeiro-ministro búlgaro no poder há cerca de uma década, pediu esta quarta-feira a demissão dos seus ministros das Finanças, da Economia e do Interior. A remodelação governamental é uma tentativa de se manter em funções depois de uma semana intensa de protestos.

Só que estas saídas não acalmaram os ânimos e, pela sétima noite consecutiva, as ruas de Sófia encheram-se em protesto contra a corrupção. O país mais pobre da União Europeia é também considerado o mais corrupto segundo a Transparência Internacional. Um relatório do Parlamento Europeu, de há três anos, estimava que o país perde o rastro, anualmente, a onze mil milhões de euros por causa da corrupção.

O próprio governo tem sido recentemente atingido por uma série de escândalos que incluem fraudes com fundos europeus e benefícios aos oligarcas próximos do regime. A gota de água que fez transbordar o copo foi a ordem do governo para que a polícia fizesse uma rusga ao gabinete do presidente, prendendo dois dos seus assistentes por suspeita de divulgação de documentos classificados e tráfico de influências. Outro momento chave no desencadear do protesto foi quando Hristo Ivanov, ex-aliado de Borissov e que se tornou agora seu crítico liderando o partido Sim Bulgária, foi impedido de aceder a uma praia pública pelas forças policiais do Serviço de Proteção Nacional contratadas para proteger a mansão de Ahmed Dogan, um ex-político com ligações duvidosas ao mundo empresarial. O facto de polícias serem pagos para impedir o acesso a um local público estando ao serviço de alguém que não cumpre quaisquer funções oficiais gerou uma onda de revolta.

Para além da demissão do primeiro-ministro, os manifestantes querem ainda a saída do procurador-geral, Ivan Geshev, também envolvido na rusga ao chefe de Estado.

A exigência destas demissões é seguida pelos socialistas, na oposição, e pelo presidente da República, Rumen Radev, que classifica o governo como tendo “um caráter mafioso”.

Por seu turno, o partido de Borissov, o GERB, Cidadãos pelo Desenvolvimento Europeu da Bulgária, conservador e pertencente ao Partido Popular Europeu, emitiu um comunicado em que justificou estas demissões como uma tentativa de pôr fim à “especulação” de que estes estariam a agir um conluio com o Movimento para os Direitos e Liberdades, um partido liberal que representa a minoria turca no país e com o magnata dos meios de comunicação social e membro deste partido, Delyan Peevski.

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