Segundo a agência Lusa, a Jerónimo Martins está a distribuir um panfleto aos clientes do Pingo Doce, onde se queixa de “graves inverdades”, sem nunca referir a decisão de vender a participação da Sociedade Francisco Manuel dos Santos (56,1%) na Jerónimo Martins SGPS a uma subsidiária do grupo na Holanda.
“Em nome dos mais de 25 mil colaboradores que o Pingo Doce emprega em Portugal, e na sequência de muitas notícias e comentários das mais variadas origens produzidas ao longo dos últimos dias e que contêm graves inverdades, entende esta Companhia (…) partilhar consigo três verdades fundamentais (…)”, lê-se na nota distribuída e que é assinada por Pedro Soares dos Santos, administrador-delegado da Jerónimo Martins SGPS, SA.
As “verdades fundamentais” do grupo são: “A sede social e a residência fiscal do Pingo Doce mantém-se, como sempre, em Portugal e nunca a sua alteração esteve em questão” e “as obrigações sociais e fiscais do Pingo Doce para com o Estado português e os seus cidadãos continuarão a ser honradas como sempre foram (…)”.
O panfleto diz ainda que “a Jerónimo Martins, que detém maioritariamente o Pingo Doce, mantém também a sua sede e residência fiscal em Portugal, continuando a contribuir social e fiscalmente neste País” e termina com um “aviso”: “tudo o que ouvir ou ler em sentido contrário ao que aqui afirmamos pode considerar, sem margem para qualquer dúvida, falso e/ou demagógico”.
Como pode ler neste dossier do esquerda.net, a Holanda é um local privilegiado para as grandes empresas multinacionais deterem subsidiárias para pagarem menos impostos nos países onde atuam. O esquema é conhecido, segundo a agência Bloomberg, por “sanduíche holandesa” e a Google vangloriou-se de, através deste esquema, ter pagado menos 3.100 milhões de dólares ao fisco.