“Sanduíche holandesa” permite à Google pagar menos 3.100 milhões de dólares

A “sanduíche holandesa” é um estratagema que as multinacionais usam para fugir ao fisco e pagar menos impostos. A Google anunciou no final de 2010 que nos três anteriores tinha pago menos 3.100 milhões de dólares, usando subsidiárias na Holanda, na Irlanda e nas Bermudas.

08 de janeiro 2012 - 17:16
PARTILHAR

Segundo a agência Bloomberg, a “sanduíche holandesa” é um estratagema que consiste em transferir montantes de dinheiro de uns países para outros, para pagar menos impostos. É um estratagema legal, devido à falta de harmonização fiscal, à existência de paraísos fiscais e à não taxação das transações financeiras. O estratagema é também conhecido como “duplo irlandês”.

A Google atribui todos os lucros obtidos fora dos Estados Unidos à sua subsidiária na Irlanda. Esta subsidiária transfere os lucros sob a forma de dividendos para outra subsidiária na Holanda, não pagando impostos por serem dois países da União Europeia. A partir da Holanda o dinheiro é transferido ainda para outra subsidiária nas Bermudas, que é um paraíso fiscal. A passagem pela Holanda é necessária, porque se transferissem diretamente da Irlanda para as Bermudas a transferência pagaria impostos, o que não acontece com a Holanda. A subsidiária holandesa da Google é a Google Netherland Holdings BV, que não tem nenhum funcionário.

Pelas contas da Bloomberg, referidas pela agência Lusa, a taxa efetiva paga pela Google pelos seus lucros fora dos Estados Unidos é de 2,4 por cento. Nos Estados Unidos, a taxa do imposto correspondente ao IRC é de 35 por cento.

Ainda segundo a Bloomberg, uma porta-voz da empresa disse que “as práticas da Google são muito semelhantes às de inúmeras outras firmas globais em diversos setores”.

O fisco americano anunciou em Outubro de 2011 o lançamento de uma investigação às práticas contabilísticas da Google, o que o portavoz da empresa, Jim Prosser, considerou “um processo rotineiro”.

Segundo a revista norte-americana Business Week, citada pela Lusa, outras multinacionais norte-americanas do setor tecnológico – incluindo a Microsoft, a Apple e a Facebook – também recorrem ao mesmo estratagema para pagarem menos impostos.

Termos relacionados: