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O fim político da Primavera Política
O Sr. Samarás, depois de ter conduzido a ND à sua mais baixa percentagem eleitoral em Maio de 2012, com apenas 19%, conseguiu escapar-se nas eleições de Junho de 2012 com a escassa margem de 2% relativamente ao SYRIZA, socorrendo-se da campanha do medo. Em seguida, uma vez que incorporou na sua equipa membros do partido de extrema-direita LAOS, constituiu um governo que aparentemente dispunha de um espectro político fenomenal, incluindo um PASOK mutante social-liberal e a DIM.AR. (Esquerda Democrática), uma cisão da área do Syriza que, apesar dos ensinamentos do passado recente, deu o passo fatal. Quando finalmente a DIM.AR. deixou de ser útil para dar um verniz democrático à coligação, foi com alívio que a deixaram sair, após o golpe de Estado na televisão pública ERT.
Depois de um breve período de namoro com a Aurora Dourada, o Sr. Samarás viu como a área da extrema-direita o considerava e de repente descobriu que se trata de uma organização criminosa. Felizmente para a democracia.
Depois de um breve período de namoro com a Aurora Dourada, o Sr. Samarás viu como a área da extrema-direita o considerava e de repente descobriu que se trata de uma organização criminosa. Felizmente para a democracia. Enterrando-se cada vez mais no Memorando e na retórica da guerra civil, o Sr. Samarás cometia erro atrás de erro. Os cenários dos dois extremos não resultavam, a success story só dava vontade de rir, os seus aliados na Europa não o deixavam respirar pedindo novas medidas de austeridade cada vez mais duras. Vendo que não tinha nada a prometer a uma sociedade mergulhada na miséria, voltou a recorrer à carta do medo e da instabilidade, jogando aos dados a vida de uma criança.
Indiferente às eventuais consequências para a democracia, que não pode aguentar uma morte cuja responsabilidade é do Estado, assustava um auditório nacional mal informado com gritos alarmistas, invocando o caos e a destruição para atacar o SYRIZA. Felizmente, o presidente ouviu o apelo angustiado de Aléxis Tsipras. O Sr. Venizelos, incompetente na grande política, mas arguto na política de pequena escala, obrigou-o a desistir.
Não dispondo de mais outras armas que se encaixassem no seu perfil de extrema-direita, abandonou a meio as negociações com a troika e convocou eleições para a presidência. Os seus aliados começaram a abandoná-lo. Mas o fim político do Sr. Samarás não irá prejudicar o mínimo nem o povo nem o país.
Rias Kalfakákou é professora na Universidade Aristóteles em Salónica. Artigo publicado no diário Avgi a 1 de janeiro de 2015. Tradução de Manuel Resende para o esquerda.net.
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