"Ministros das Finanças não têm noção da dimensão da crise”

A resposta europeia à crise resume-se a três instrumentos de dívida. Tudo o que poderia constituir uma resposta a sério, ou ficou fora do documento, ou ficou adiado para o Conselho ou para as calendas, afirmam Marisa Matias e José Gusmão sobre as decisões do Eurogrupo.

10 de abril 2020 - 17:38
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Marisa Matias e José Gusmão analisam e criticam as decisões do Eurogrupo

Os eurodeputados bloquistas Marisa Matias e José Gusmão analisam e criticam as decisões do Eurogrupo, tomadas esta quinta-feira, 9 de abril de 2020.

Marisa Matias afirma que “é falso que o Eurogrupo tenha chegado a uma solução para responder à crise na União Europeia e na zona euro”, considerando que o que o Eurogrupo produziu foi “uma mão cheia de dívida e outra de coisa nenhuma”.

Não é verdade que não há condicionalidade associada”

“Não é verdade que não há condicionalidade associada, não é verdade que esta ajuda seja a que necessitamos neste momento”, frisa a eurodeputada bloquista, salientando que o que o Eurogrupo decidiu corresponde, em empréstimos, por exemplo no caso português, “a um quinto das necessidades reais até ao final do ano”.

É, mais uma vez, “o consenso franco-alemão que deita abaixo qualquer expectativa de uma Europa mais solidária e mais igual e que mais uma vez trai as economias mais frágeis, como é o caso da portuguesa”, acusa Marisa Matias.

O que não está lá

José Gusmão destaca que outro aspeto importante da reunião do Eurogrupo e das suas conclusões, é “o que não está lá” e refere que “não há nenhuma referência explícita aos eurobonds, que era a grande proposta dos países da coesão, nem ao intrumento de financiamento monetário que já está a ser discutido ou implementado em grande parte dos países do mundo desenvolvido como o Reino Unido, os Estados Unidos, a Austrália ou o Japão”.

“Esta forma de financiamento monetário seria a única que permitiria responder a esta crise económica sem acumular uma montanha de endividamento, um pouco por toda a zona euro e União Europeia”, sublinha o eurodeputado bloquista.

Gusmão refere ainda que “existe uma referência muito genérica a um fundo de recuperação económica”, mas “não está detalhado, nem na sua dimensão, nem nos termos, nem nas formas de acesso dos vários Estados-membros, nem sequer na sua forma de financiamento”.

Manifestação dos chamados defensores da UE a matar o projeto europeu”

A concluir, Marisa Matias acusa: “O que assistimos é a uma manifestação dos chamados defensores da União Europeia a matar o próprio projeto europeu”.

A eurodeputada bloquista critica ainda os ministros das Finanças “que não têm noção da dimensão da crise” e “deveriam estar mais por dentro daquilo que se está a passar”.

“Não só não têm noção, como querem repetir uma fórmula que já falhou antes na crise financeira. Isso vai custar muito caro ao projeto europeu”, conclui Marisa Matias.

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