Na Grécia, os governos da troika impuseram, entre outras medidas, o aumento do IVA para 27%, uma taxa de solidariedade aos funcionários públicos e trabalhadores independentes e um imposto extra sobre todos os imóveis. Em contrapartida, a taxação a que estão sujeitos os lucros distribuídos pelas empresas desceu de 25%, em 2009, para 20% e, desde janeiro de 2013, está novamente a ser reduzida, até atingir 10%.
Em 2011, os trabalhadores e os pensionistas pagaram 55,5% dos impostos diretos, uma soma de 7,1 mil milhões de euros, enquanto as empresas pagaram apenas 3,6 mil milhões de euros. De acordo com a Confederação Geral do Trabalho, “a carga tributária dos assalariados e pensionistas na Grécia voltou a aumentar em 2011 e atingiu os 35,6% do seu rendimento bruto, quando no resto dos estados-membros da União Europeia, a média diminuiu para os 31,7%".
Uma família de quatro membros gastou, em 2011, 37,8% do seu rendimento para pagar contribuições para a Segurança Social e impostos, um valor 12% maior do que a média dos países-membros da OCDE.
Entre 2010 e 2012, o poder de compra dos gregos caiu 50% e o consumo interno registou uma queda de 25%.
Apesar disto, estão ser impostas novas medidas tributárias, face à exigência, por parte da troika, de uma receita adicional de 2,5 mil milhões de euros, mediante a queda na receita do Estado de 7% face às metas pré definidas para janeiro de 2013 e de 16% face ao período homólogo.
Aumento dos preços dos produtos básicos e bens essenciais
Ao contrário do que foi anunciado pelo ministro do Desenvolvimento grego, que apontava para uma redução dos preços dos alimentos e das bebidas na ordem dos 0,54% em 2012, o Índice de Preços no Consumidor registou um aumento de 0,8%. Já o FMI estima uma inflação de 0,5% para 2012, 1,2% para 2013 e de 0,4% para 2014.
Por outro lado, e desde 2008, o preço da eletricidade aumentou 15 vezes, num total de mais de 44%.
Após a imposição do memorando, o preço da eletricidade registou um acréscimo de 13,7% em janeiro de 2011, 9,2% em janeiro de 2012 e 8,8% em janeiro de 2013, sendo que a liberalização do setor está prevista para julho do corrente ano. No que respeita ao IVA aplicado ao consumo de energia, o mesmo subiu de 9% em março de 2010 para 13% em janeiro de 2011. De acordo com o ministro do Desenvolvimento, “os aumentos no setor da eletricidade, aquecimento a gasolina e combustíveis sólidos atingiram 27,1%”, tendo sido implementado um novo aumento de 10% no preço da eletricidade em janeiro de 2013 (que, na prática, chega a atingir os 23%).
A companhia de eletricidade estatal tem cortado a eletricidade a uma média de 30.000 casas por mês devido a contas em atraso.
Entre 2009 e 2012, os preços dos combustíveis líquidos - gasolinas e gasóleos – mais do que duplicaram, sendo que, já em 2010, a percentagem da população que declarou a incapacidade económica para aquecimento adequado era tão alta quanto 18,7%. Atualmente, existem inúmeras escolas sem aquecimento em risco de fechar.
O consumo de gasolina caiu 75% no decorrer de um ano, a partir do final de 2011 até dezembro de 2012. O colapso do consumo de aquecimento a gasolina, a par do não pagamento do IVA pelos empresários traduziu-se numa quebra de receita do Estado proveniente do IVA de 15%.
Segundo estatísticas oficiais sobre rendimento e gastos familiares, 40% das famílias estão em situação de incumprimento no que respeita a obrigações para com o Estado ou os bancos e 50% não tem rendimentos suficientes para fazer face às suas obrigações (eletricidade, água, empréstimos...).
*Os dados citados neste artigo foram retirados do relatório da organização “Solidarity for All”, datado de março de 2013.