Em 2005, 21% da população grega (2.088.701 pessoas) vivia abaixo do limiar da pobreza. Entre 2005 e 2010, a percentagem subiu para 21,4%, o que representa um acréscimo de 0,4%. Já entre 2010 e 2011, registou-se um aumento de 1,5%.
Em 2011, 15,2% da população helénica não conseguia satisfazer as suas necessidades básicas e ter acesso a bens essenciais, contra os 8,8% registados na União Europeia. Em 2012, essa percentagem subiu para 20%.
Há cinco anos atrás, 28,1% da população vivia em risco de pobreza. Três anos depois, 3.403.000 (31%) pessoas eram ameaçadas pela pobreza. Em 2012, estima-se que sejam 3.900.000. Comparativamente, em 2010, a taxa de risco de pobreza na União Europeia a 27 era de 16,4%.
O número de crianças em situação de pobreza também registou um aumento alarmante. Em 2009, 439.000 crianças viviam abaixo do limiar da pobreza, o que equivale a uma percentagem de 23%, contra os 20,5% registados na Europa. Essa percentagem aumentou para 23,7% em 2010.
De acordo com a UNICEF, entre 2009 e 2011, a situação de dezenas de milhares de crianças piorou consideravelmente: 37,1% das crianças em situação de pobreza vive em habitações sem aquecimento adequado e o número de incidentes nas escolas devido a situações de mal nutrição aumentou visivelmente.
Pela primeira vez desde 1950, e desde que teve início a crise, registou-se um aumento da taxa de mortalidade infantil. A esperança média de vida de toda a população também se prevê que tenha diminuído um a dois anos.
Mediante o aumento exponencial do desemprego, a precarização das relações laborais e a depauperação da população, as redes de apoio tradicionais, entre as quais o núcleo familiar, foram-se fragmentando.
Essa fragmentação social traduziu-se, por exemplo, no aumento do número de sem abrigo, que, em 2010, já ultrapassava os 20 mil. Mais de metade dos sem abrigo encontram-se em Atenas e Pireus, onde, entre 2009 e 2011, o seu número aumentou 25%.
Segundo um estudo promovido pela Organização Não Governamental (ONG) Klimaka, divulgado em dezembro de 2012 (ler artigo Grécia: um em cada cinco sem abrigo tem um curso superior), a maior parte dos sem abrigo na Grécia trabalhava em profissões que foram particularmente atingidas pela crise e um em cada cinco (20%) sem abrigo completou uma licenciatura.
A grande maioria dos sem abrigo (64,8%) começou a viver nas ruas há menos de dois anos, ou seja, após a implementação do primeiro pacote de austeridade imposto pela troika, em fevereiro de 2010.
Segundo a Klimaka, estes cidadãos, muitos deles com sérios problemas de saúde, estão “completamente excluídos do sistema de saúde pública”.
*Os dados relativos à pobreza foram retirados do relatório da organização “Solidarity for All”, datado de março de 2013.