Atlas imperfeito da extrema-direita na Europa

Assume faces diferentes mas sempre reconhecíveis, escolhe inimigos diferentes mas sempre nos mais fracos, faz discursos diferentes mas sempre promovendo o ódio. A extrema-direita que juravam há pouco tempo ser coisa do passado e não ter lugar na Europa, chegou em força e governa vários países. Conheça alguns dos movimentos.

09 de fevereiro 2020 - 11:33
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Cartaz anti-extrema-direita numa manifestação em Londres. Julho de 2018.
Cartaz anti-extrema-direita numa manifestação em Londres. Julho de 2018. Foto de Alisdare Hickson.

Durante anos, dizia-se que só podia ser coisa do passado ou de alguma geografia mais exótica. Aqui, naquilo que se via como o centro do progresso, não havia definitivamente já lugar para isso. Aqui havia educação generalizada, bem-estar distribuído, uma classe política cultivada e meios de comunicação social vigilantes. Quem ousasse sugerir algo diferente era alarmista ou buscava mesmo retorcidamente, através da denúncia e por alguma razão obscura, convocar o fenómeno.

De um momento para o outro, estas certezas ficam obsoletas. A extrema-direita regressou definitivamente à Europa. Não terá sido bem, evidentemente, de um momento para o outro. Apenas terá sido assim sentido por muita gente. Um crescimento alimentado por velhos ressentimentos que nunca desapareceram das sociedades europeias e por novas falências político-sociais: a crise do demoliberalismo, o autoritarismo do projeto europeu, a desigualdade da globalização; no leste a falência do socialismo real; o desmantelamento do Estado Social.

Rostos mais mediáticos e uma adaptação à era das redes sociais mas também velhas receitas. De entre os ingredientes das extremas-direitas europeias, podem-se escolher diferentes combinações. O sabor amargo é semelhante.

 

Sul da Europa: os novos protagonistas na sombra das velhas ditaduras

 

A narrativa de que a proximidade com as ditaduras seria uma vacina contra o crescimento da extrema-direita falhou. A propalada “exceção portuguesa”, que tornaria o país imune ao fenómeno, também.

A Itália assume agora a dianteira do extremismo de direita na Europa Ocidental. A Liga de Salvini que nasceu independentista do norte e passou a nacionalista aspira ao governo, os Irmãos de Itália de inspiração claramente neo-fascista crescem, movimentos como o centro social Casa Pound fazem a sua guerra cultural, sobretudo entre a juventude.

Com o país na linha da frente das rotas migratórias, em Itália, o crescimento da extrema-direita é aqui ancorado no discurso anti-refugiados. No governo, Salvini foi o homem do combate às associações de resgate de refugiados no Mediterrâneo. Na frente interna, o seu alvo são os ciganos. Do governo de coligação com o populista Cinco Estrelas que Salvini desfez recentemente fica a implosão desse movimento, as cedências a Bruxelas depois de se falar duro, o liberalismo como programa económico da Liga.

Em Espanha, o Vox pega por uma linha semelhante mas não igual. Menos central na rota migratória do Mediterrâneo, a extrema-direita deriva para outros pontos: espanholismo face à ameaça dos independentismos periféricos, insistência nos pontos típicos da guerra cultural, com o anti-feminismo à cabeça. Se Salvini escorou os seus apoios nas redes sociais e na derrocada histórica do sistema político italiano, Abascal apanhou os restos desavindos de um Partido Popular desacreditado por casos persistentes de corrupção. O partido tradicional da direita espanhola tinha ainda muito da tradição franquista, depois de uma “transição” em que os vencedores da guerra permaneceram vencedores, e o Vox conseguiu ir mais longe e ser mais descarado no saudosismo franquista.

Em Portugal, a extrema-direita começou com mais atraso a ter representação política. O PNR que agrupou várias tendências nacionalistas nunca conseguiu ter uma votação expressiva. Tentou copiar temas como a “invasão islâmica” e o “marxismo cultural” mas nunca vingou. Em contraposição, o Chega chegou atrasado à constelação da extrema-direita europeia mas entrou de rompante na cena política nacional à custa do mediatismo do seu protagonista, obtido no comentarismo do futebol e à boleia do PSD, partido do qual fazia parte e que lhe permitiu uma campanha autárquica com o discurso anti-ciganos como pontapé de saída.

A Grécia constituiu-se como exceção pelo facto do movimento de extrema-direita mais forte dos últimos anos não fazer parte deste nova era. A Aurora Dourada é outra coisa. Estética abertamente neo-nazi, negacionismo do Holocausto, milícias para controlar bairros e “expedições de caça” aos estrangeiros e esquerdistas, conseguiu fazer vender-se como o partido da “Grécia primeiro” aquando da crise das dívidas soberanas explorando o tema dos refugiados. O seu crescimento eleitoral permite-lhe entrar no parlamento em 2012 com 6,97% dos votos. O crescendo esbarrou com o lado arruaceiro que os levou às barras dos tribunais por assassinato de Pavlos Fyssas, um ativista e artista de esquerda. A Solução Grega foi o partido que pegou no testemunho parlamentar da causa anti-imigração, tendo obtido 3,7% e representação parlamentar nas eleições de 2019 em que a Aurora Dourada se eclipsou. Subiu ligeiramente nas europeias e tem agora um eurodeputado.

 

O centro contra a “invasão islâmica”

O fenómeno da nova extrema-direita tem uma implantação forte no centro da Europa que tinha sido devastado pelos nacionalismos na Segunda Guerra Mundial. O anti-islamismo é aqui uma das características dominantes.

Estrela maior é Geert Wilders na Holanda. O seu Partido pela Liberdade tem sido dos mais eficazes a levantar a bandeira anti-islâmica. Não desbravou caminho sozinho. Wilders conquistou notoriedade primeiro como deputado de um partido liberal com o qual depois cortou. E colheu os frutos do trabalho do movimento que o antecedeu, a Lista Pim Fortuyn. O assassinato do líder deste projeto em vésperas das eleições de 2002 impulsionou um resultado eleitoral de 17%. Só que sem o homem carismático que unia o grupo, este desaparece rapidamente depois disso. Cabe-lhe contudo o ónus de ter lançado a islamofobia para o palco da grande política neste país. Wilders vai ser bem sucedido eleitoralmente com a mesma receita: fechar escolas islâmicas e mesquitas, por exemplo, faz parte do argumentário partidário. Ao contrário de outros partidos da sua esfera, assume-se defensor da comunidade LGBT+ e da igualdade de género que diz ser ameaçada pela imigração de muçulmanos. Posições anti-União Europeia, contra as políticas de mitigação das alterações climáticas e medidas mais restritivas sobre imigração fazem ainda parte do cardápio.

Na Alemanha, o AfD nasce a partir de um grupo de economistas liberais. Começando contra o euro, tornou-se no partido de protesto contra a política de Merkel quanto aos refugiados. Pensa que o Islão que “não tem lugar na Alemanha” segundo o manifesto partidário e apela, por exemplo, à proibição de construção de mesquitas. Em 2017, pela primeira vez depois da queda do nazismo, a extrema-direita entrou no parlamento federal com 12,6%.

Da sua plataforma política fazem ainda parte o nacionalismo e o fim da “cultura da vergonha” a propósito do passado nazi, o fim do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da adoção por casais homossexuais, a defesa do “papel tradicional” da mulher na sociedade e o negacionismo das alterações climáticas.

Destaca-se ainda o movimento Pegida, Patriotas Europeus Contra a Islamização do Ocidente, lançado em 2014 que convoca manifestações periódicas contra os migrantes em Dresden. O seu auge passou, depois de em 2015 ter tido entre 25 mil a 40 mil participantes numa das marchas, mas por outro lado espalhou-se pelo país.

Na Áustria, o “Partido da Liberdade”, FPÖ, tinha sido fundado em 1995. E foi Jörg Haider quem o tornou o partido o que é hoje, nomeadamente entrando pela primeira vez para o governo. Só que o político popular da extrema-direita morreu em 2008 num acidente de automóvel. O partido conseguiu sobreviver-lhe e quando a extrema-direita entrou no governo do conservador Kurz em 2017 o seu crescimento parecia não ter terminado. Até que dois dirigentes foram apanhados numa gravação a negociar financiamento corrupto, um escândalo que comprometeu definitivamente as aspirações do partido.

O “Partido da Liberdade”, FPÖ, chegou a sonhar ter a presidência do país com Norbert Hofer a alcançar a segunda volta das eleições e a ser derrotado aí mas a obter 49,7% dos votos. Os nacionalistas falaram em irregularidades e exigiram a repetição do ato eleitoral, o que conseguiram. Mas aí perderam por uma maior margem. O bom resultado do partido está agora bem mais longe do horizonte, nas últimas legislativas desceram para 16%. Contra a “Loucura de género” e pela “Áustria Primeiro”, o partido tem no anti-islamismo um dos seus cavalos de batalha.

Diferente de alguns destes fenómenos é o partido de Marine Le Pen. Menos liberal que a maior dos outros e de uma geração anterior, a Frente Nacional foi criada em 1972 e parecia ser um empreendimento pessoal da responsabilidade de Jean-Marie Le Pen. Só que a filha tomou o partido do pai e moldou-o à sua medida, mudou-lhe de nome, cooptou muitos quadros da direita tradicional, apostou no ultra-conservadorismo com tons protecionistas. Depois de ter ido à segunda volta com Macron, barricou-se politicamente à espera das próximas presidenciais. O seu dilema é querer ao mesmo tempo aparecer como a extrema-direita que o deixou de ser e é respeitável para um eleitorado e não deixar por mãos alheias os créditos do extremismo para não parecer estar já dentro do sistema.

A concorrência partidária na extrema-direita em França é alargada mas, comparativamente com o peso de Le Pen, quase inexpressiva. Temos, por exemplo, a cisão da FN de 1999, feita Bruno Mégret, o Movimento Nacional Republicano, e o Debout La France do mesmo ano. Não parecem ameaças de maior. Já de outra dimensão é o movimento identitário. O Bloco Identitário é criado em 2002 e exportou a sua ideologia: anti-imigração, anti-Islão, propagando a teoria da “grande substituição” da população europeia, promovendo ações como “sopas identitárias” que contêm porco para que os muçulmanos não comam. Com particular força, o movimento juvenil Geração Identitária, que nasce dez anos depois, é muito ativo nas redes sociais, para além de fazer ações pensadas para ser mediáticas como a ocupação do pátio de uma mesquita ou a organização de uma excursão para ir travar migrantes no Mediterrâneo. A tentativa de criar um partido deste tipo vem de um quadro tradicional da extrema-direita francesa, Philippe de Villiers, que troca o “soberanismo” pelo “identitarismo” da Liga do Sul.

No Reino Unido, a questão do Brexit absorveu, mobilizou e impulsionou a extrema-direita nos últimos tempos. Concretizada a saída da União Europeia, resta saber que futuro existe para o Partido do Brexit de Nigel Farage em particular e para o resto do movimento em geral. Farage veio do Partido Conservador britânico que deixou quando este apoio o tratado de Maastricht. Depois juntou-se ao UKIP, tornando-se seu líder, e mais tarde dirigiu os setores mais à direita da cruzada para sair da UE. Há outros movimento de extrema-direita mais tradicionais no país como o Partido Nacional Britânico, criado em 1982, hoje centrado no discurso anti-muçulmano, na pena de morte e no combate ao casamente entre pessoas do mesmo sexo. O seu concorrente direto é o UKIP, fundado em 1993 que será famoso por ser o partido de Farage. A Liga de Defesa Inglesa joga noutro campeonato, o do futebol. Ligado às claques, foi fundado em 2009 por Tommy Robinson e cultiva a fama de ser violento.

Na Bélgica, o Vlaams Belang é o sucessor do Vlaams Blok que chegou a alcançar, em 2004, 24% dos votos nacionais. Era então um dos partidos de extrema-direita mais conhecidos da Europa. Condenado por racismo e xenofobia, o partido dissolve-se e é então que ocorre a mudança de nome. Liberta-se de algumas das formulações mais polémicas do seu programa anterior e adota uma postura económica mais neoliberal. Depois de um período de declínio, parece estar a ressurgir. Nas eleições legislativas de 2019, alcançou o segundo lugar na região flamenga com 18,6%.

No passado parecem ter ficado declarações como as do seu vice-presidente, Roeland Raes, em 2001, em que duvidava do número de judeus assassinados no Holocausto. Mantém o discurso da independência flamenga, a oposição ao multiculturalismo em nome dos valores ocidentais, o desejo de expulsar migrantes que não se adequem a estes valores, o securitamos.

 

Leste: o liberalismo agressivo nos escombros do “socialismo real”

 

A leste, a implosão do “socialismo real” abriu espaços para os nacionalismos. E o ultra-liberalismo tornou-se a receita maioritária na economia

Vários movimentos de extrema-direita obtiveram assim destaque ou chegaram mesmo ao governo. Na Polónia, a extrema-extrema-direita tem partidos como o Partido Confederação que obteve 6,8% nas eleições de 2019, entre vários outros, num campo de forte competição. Mas quem manda no país é o nacionalista PiS, partido Lei e Justiça, que obteve 43,6% nas últimas eleições. Nasce em 2001 dos irmãos Kaczyński, fazendo gala de ser ultra-católico. No poder, o partido procurou controlar as nomeações para a função pública, ultrapassando concursos com nomeações, a comunicação social, a academia, promovendo uma visão nacionalista, e o poder judiciário. Mobilizações significativas têm-se oposto a estas iniciativas. Tal como, em 2016, uma multidão também se opôs à lei que visava a interdição do aborto em qualquer caso, incluindo risco de vida ou violação.

Na Hungria temos o Jobbik, partido anti-imigração e protecionista, é contra a União Europeia e dos poucos que faz do anti-semitismo uma bandeira, dizendo que Israel quer dominar o país e o mundo. Propõe abertamente a criminalização da homossexualidade com penas de prisão até oito anos. É um partido com 18% dos votos em 2018. Mas temos também e sobreudo o Fidesz de Viktor Orbán, a cumprir o terceiro mandato enquanto primeiro-ministro. Agenda anti-imigração para “defender a Hungria, sobretudo anti-islamismo. É o chefe de um governo que se senta às mesas mais respeitáveis da Europa e que diz que é contra a ameaça de “Europa de população misturada e sem sentido de identidade”. Só em março de 2019 é que o partido foi suspenso do Partido Popular Europeu. Fazem parte do pacote de medidas defendidas o fecho total de fronteiras a refugiados e a criminalização do apoio das ONG a estes, a criminalização de qualquer “insulto à nação”, trabalho obrigatório para ciganos, entre outras.

Na República Checa, existem fenómenos anti-ciganos como o Partido Nacional que tem um grupo paramilitar e em 2009 em campanha para o Parlamento Europeu defendia “uma solução final para o problema dos ciganos” que seria a deportação para a Índia mas não tem sucesso e dissolve-se; ou o Partido Operário interditado em 2010 depois de um grupo de seus militantes terem incendiado uma casa com uma família cigana dentro, causando queimaduras graves às três pessoas que lá habitavam. Mais sucesso tem o partido de Tomio Okamura que chega ao Parlamento com a Coligação Nacionalista – Aurora. Ainda assim, é um partido que sugere a deportação dos ciganos. Em 2017, Andrej Babis, com um grupo intitulado Ação dos Cidadãos Descontentes ganha as eleições legislativas, fazendo-se passar pelo “Trump checo”. Okamura fica em segundo lugar com 10,6% dos votos.

Na Eslováquia, o Partido do Povo – A nossa Eslováquia, é abertamente anti-cigano e radicalmente anti-imigração, nas palavras do seu dirigente diz Marian Kotleba, “um só imigrante já era demais”, e tem presença parlamentar. Ao contrário de outros congéneres, o seu alvo externo são os EUA.

Na Estónia, a mesma trajetória de sucesso: o Partido Conservador do Povo da Estónia entrou pela primeira vez no parlamento em 2015 para quatro anos depois duplicar a presença, atingindo 18%. É o terceiro maior partido do país. A receita: anti-imigração, oposição ao casamento do mesmo sexo e racismo. Martin Helme, o seu dirigente chegou a dizer que apenas brancos deveriam poder imigrar para o país.

Na Eslovénia, o Partido Democrático Esloveno foi o mais votado nas últimas eleições. Janez Jansa diz que é de centro-direita mas é fã de Orban e jurar querer “pôr o bem-estar e a segurança dos eslovacos primeiro.”

 

Nórdicos: do Estado Social modelo ao modelo da xenofobia

 

Culpar os migrantes pela falência do Estado Social e pela perda de identidade nacional. Não é novidade mas é a receita da extrema-direita nórdica.

Ironicamente chamados Democratas Suecos, o partido principal da extrema-direita da Suécia tem forte presença parlamentar a partir de 2014. São a terceira força política do país e, em 2018, aumentaram a votação para os 17,6%. Vindo da direita mais dura como cisão de um movimento chamado Conservemos a Suécia sueca, tenta agora aparecer como mais responsável inspirados pela Frente Nacional francesa. Num país que era conhecido pela sua tolerância e que aceita refugiados, o partido foi impondo uma agenda contra a imigração, quer ainda sair da União Europeia e expressa ainda a sua admiração por Trump. Há ainda vários movimentos que se posicionam de forma mais abertamente extremista e racista como a Resistência Branca Ariana, racista o Movimento de Resistência Nazi, ou a Frente Popular.

Na Finlândia, os Verdadeiros Finlandeses irromperam a partir de 2011 com 19.1% dos votos. As negociações para formar governo com os conservadores encalham num ponto: o empréstimo a Portugal que a extrema-direita considerava ser errado. Deixaram depois cair os “verdadeiros” no nome mas nunca deixaram a retórica xenófoba. Mais tarde entram no governo com Timo Soini a ocupar a pasta dos Negócios Estrangeiros de Europeus. O seu líder seguinte Jussi Halla-aho, tinha sido suspenso de deputado, condenado por dizer que o “Islão encoraja a pedofilia”. A nova liderança não consegue manter o partido unido e há uma cisão de vinte deputados em 37.

Ficaram a 0,2% de ser a segunda força mais votada nas eleições de abril de 2019, colados ao Partido Social-Democrata. Euroceticismo, anti-globalização e combate ao multiculturalismo são imagens de marca. Outra delas é rejeição de políticas de combate às alterações climáticas. Neste país existem ainda vários outros grupos. Alguns, como os fanáticos Soldados de Odin, têm milícias que patrulham as ruas de forma a combater “a invasão islâmica”.

Na Dinamarca, o Partido do Povo Dinamarquês demorou dez anos a alcançar o lugar de segundo maior partido, o que conseguiu em 2015. O seu fundador Daniel Carlsen vem de um partido neo-nazi. Ao contrário de tantos outros do seu setor político, defende o Estado Social e não tem uma retórica tão marcadamente anti-feminista e homofoba. Mas também ataca a imigração proveniente de países muçulmanos e quer sair do acordo de circulação de pessoas da zona Schengen. Apresentou, por exemplo uma proposta para eliminar o parágrafo da código penal o artigo que condena a discriminação racial por ser “uma limitação à liberdade de expressão”. Foi bem sucedido a arrastar todo espetro político para a retórica anti-imigração, tendo tornado as leis mais rígidas e até a social-democracia tradicional adotado um discurso e apresentado medidas do género.

Na Noruega, o partido do Progresso não é uma novidade. Criado em 1973 por Anders Lange, que tinha pertencido a uma organização fascista chamada Círculo da Pátria. Em 2005, obtém 22,1% dos votos, sendo o segundo mais votado. O seu dirigente de então, Carl Ivar Hagen, que chega a ser presidente do parlamento neste mandato declarou nesse ano: “os muçulmanos, tal como Hitler, já disseram desde há muito as coisas muito claramente, a longo prazo o seu objetivo é islamizar o mundo. (…) Devemos combatê-los.” Depois de um seu ex-membro, Anders Breivik, ser autor dos atentados de Oslo e Utoya, o crescimento eleitoral arrefece mas o partido entra para o governo em coligação com os conservadores, tendo sete ministros. O cargo da imigração é de Sylvi Lystaug que faz do país um dos menos acolhedores da Europa. Com participação eleitoral, existem outros movimentos como a “Aliança Eleitoral Branca” cujo líder foi condenador por exigir a esterilização forçada de migrantes.

Para além dos partidos nacionais, existe um grupo chamado Movimento de Resistência Nórdica, criado em 2016 com a finalidade de expulsar dos seus países todos os estrangeiros que não sejam descendentes de nórdicos.

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