Telespectadores espanhóis pedem regresso moderado da publicidade à TVE

A Associação de Usuários de Comunicação exige um modelo sustentável que garanta a qualidade, a independência e o pluralismo da RTVE. Os telespectadores contestam os cortes anunciados pelo Governo de Mariano Rajoy e querem rever a medida de Zapatero, que retirou a publicidade ao canal público de TV.

28 de janeiro 2012 - 23:29
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Corte nas receitas com o fim da publicidade na TVE ameaça a sustentação financeira da empresa.

A Associação de Usuários de Comunicação (AUC) manifesta a sua preocupação pelos cortes orçamentais anunciados para a RTVE, que põem ainda mais em risco a viabilidade futura da radiotelevisão pública estatal.



Para a AUC, nos últimos anos foram dados passos muito importantes a favor da desgovernamentalização da RTVE e da definição do serviço público, mas foi desenhado um modelo de financiamento que é  inadequado de muitas formas e que agora se vê ameaçado pelos cortes anunciados pelo Governo do Partido Popular.



A AUC considera fundamental para o desenvolvimento correcto do sistema democrático a existência de uma televisão pública plural, neutral, independente do Governo e que aposte nos seus conteúdos pela qualidade e pelo interesse social. Esse papel ganha mais importância num contexto de fusões entre operadores, e por isso deve evitar-se que a radiotelevisão pública acabe por se tornar numa oferta residual no nosso panorama audiovisual.



A Associação sempre manifestou as suas reticências ante a retirada total da publicidade na TVE, bem como ante o facto de que foram os operadores privados e os operadores de telecomunicações os que compensaram esta perda de receitas publicitárias. Para a AUC, a contribuição económica dos canais privados pode ter influência negativa na independência da oferta televisiva, e quanto à contribuição das telecoms tudo aponta para que, à semelhança do que aconteceu em França, acabe por ser desautorizada a nível europeu.



Agora, com o anúncio da redução da contribuição pública à RTVE, a AUC considera necessário rever o atual modelo de financiamento em pelo menos três aspetos:



- Aumentar o peso da produção própria, optimizando os recursos da Empresa e a política de aquisição de direitos;



- Rever a eliminação total da publicidade, colocando a possibilidade de conteúdos promocionais e de patrocínio, que em qualquer caso não envolvam uma interferência excessiva na oferta de programação e estejam muito longe da saturação publicitária dos canais comerciais;



- Abrir um debate social sobre o futuro da radiotelevisão pública, no qual sejam propostas medidas que liguem o seu futuro à vontade e ao compromisso de a manter por parte da cidadania.



Madrid, 3 Janeiro 2012


Comunicado da AUC. Tradução de Luís Branco.

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