José Manuel Pureza

José Manuel Pureza

Professor Universitário. Dirigente do Bloco de Esquerda

PS e PSD rodaram entre si e o que nos deixaram foi uma Coimbra-Trude, uma permanente promessa de uma cidade que nos entusiasme e uma permanente realidade de uma cidade que nos desanima.

Melo armou-se em Ventura e proclamou que quem levava comida e comida para Gaza era aliado do Hamas. E, calhando ser ministro da Defesa, pôs em risco, com as incendiárias declarações, o trabalho da diplomacia portuguesa para o retorno dos nossos.

A Assembleia Nacional Francesa aprovou a lei que reconhece aos franceses o direito à ajuda para morrer. O alento que esta histórica decisão do parlamento francês traz a todos os que têm feito sua esta batalha contradiz os ventos de retração que a despenalização da eutanásia enfrenta em Portugal.

Não são os mísseis nucleares franceses nem os gastos militares ilimitados que darão à Europa capacidade defesa contra o trumpismo e contra o putinismo.

Serei cabeça de lista do Bloco de Esquerda nas próximas autárquicas para políticas de rutura clara com os clientelismos e os marasmos que têm sido marca de décadas do rotativismo ao centro na Câmara de Coimbra.

A extrema-direita do nosso tempo não é o fascismo histórico, não é um mero remake de Mussolini. É um fascismo que promove o mercado e se suporta em estratégias e tecnologias comunicacionais que permitem conformar o senso comum adequado a uma sociedade do medo que grita raiva contra os de baixo deixando os verdadeiros patifes em paz.

O Papa Francisco dirigiu-se à DIALOP lembrando o dito argentino “no te arrugues!”, que quer dizer “não recues”. Fê-lo para nos desafiar: “Nunca percam a capacidade de sonhar! Esse é também o meu convite.

Se quer combater com bravura a agenda da extrema-direita, a esquerda não pode cair nas armadilhas do punitivismo nem da securitização. Tem de se bater pela excecionalidade da pena de prisão no sistema de execução de penas e pela transformação das prisões em unidades de reinserção social efetiva.

Um olhar atento sobre os factos mostra como governos que se inflamam na defesa retórica da ordem internacional fundada em regras frequentemente violam as regras mais elementares dessa ordem.

Para que serve o Direito Internacional – desde a Carta das Nações Unidas às resoluções do Conselho de Segurança – diante da brutalidade incontida de um agressor apostado na punição coletiva de um povo e na sua subjugação colonial?