Mudar Mesmo

porJosé Manuel Pureza

05 de fevereiro 2025 - 15:35
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Serei cabeça de lista do Bloco de Esquerda nas próximas autárquicas para políticas de rutura clara com os clientelismos e os marasmos que têm sido marca de décadas do rotativismo ao centro na Câmara de Coimbra.

A alternância entre os dois partidos do centro na governação municipal de Coimbra trouxe-a ao estado em que está: uma cidade sem identidade própria, que desbarata as suas singularidades culturais e físicas, uma comunidade profundamente desmotivada e alheia aos maus-tratos que a governação nacional inflige à nossa cidade. E, no entanto, Coimbra tem tudo para se afirmar como uma cidade europeia com qualidade bem acima da média e em que seja, por isso, bom viver. A sua dimensão média, a sua relação com o conhecimento e a ciência, o seu património de vanguardas e de ideias tanto como o seu património físico, a riqueza de um rio belíssimo, o cosmopolitismo vibrante de uma população jovem – tudo realidades que uma governação municipal competente tinha obrigação de saber potenciar para que Coimbra fosse um lugar de vida boa e entusiasmante.

Décadas de rotativismo ao centro resultaram num irresponsável desperdício dessas imensas potencialidades de Coimbra. Se subsistem ilhas de qualidade na vida da cidade e do concelho, são isso mesmo: ilhas. O que domina em Coimbra é uma mistura entre atavismo e clientelismos, entre conservadorismo elitista e deslumbramento com modas de “resiliência” e de “empreendedorismo”. Falta solidez à comunidade, falta cuidado no presente com as gentes e com o ambiente, falta rasgo na imaginação do futuro. É um fado? Não, é uma escolha política.

Está na hora de uma alternativa clara que dê concretização a políticas competentes contra o amiguismo, a especulação imobiliária e a turistificação como galinha dos ovos de ouro e que façam de Coimbra uma cidade e um concelho entusiasmantes para todos os que aqui querem viver e construir o seu futuro.

Não é menos do que uma rutura com o autoritarismo conservador dos últimos quatro anos aquilo que se exige

Não é menos do que uma rutura com o autoritarismo conservador dos últimos quatro anos aquilo que se exige. Quem expulsa os pobres para fora da cidade dos turistas, quem mantém 11.000 fogos devolutos e beneficia a especulação do alojamento local, quem promete planos Marshall e só contempla o seu umbigo não merece mais que combate político frontal.

Não é menos do que uma rutura com o atavismo acumulado no passado aquilo que se exige. Quem foi dele protagonista, não reúne condições para romper com ele, por mais cosmética que empregue. Atrelar um pequeno bote de mudança a um grande cargueiro rotinado nas rotas do marasmo não muda nada, só dá aparência de diferença ao que se mantém como sempre foi.

Serei cabeça de lista do Bloco de Esquerda nas próximas eleições autárquicas com toda a determinação em mobilizar as gentes do nosso concelho para políticas de rutura clara com os clientelismos e os marasmos que têm sido marca de décadas do rotativismo ao centro na Câmara Municipal de Coimbra. Será assim na habitação, na mobilidade, na valorização da Baixa ou da frente ribeirinha, na defesa do ambiente ou na promoção da cultura.

Serei cabeça de lista do Bloco de Esquerda nas próximas eleições autárquicas, com todo o empenho em mobilizar as gentes de Coimbra para uma cidade justa e solidária, intensamente democrática, amiga do ambiente e oposta ao racismo e a todas as discriminações de género, idade ou estatuto social.

É dessa Coimbra que eu gosto há mais de sessenta anos. É por ela que me baterei.

Artigo publicado em publico.pt a 4 fevereiro 2025

José Manuel Pureza
Sobre o/a autor(a)

José Manuel Pureza

Professor Universitário. Dirigente do Bloco de Esquerda
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