Fernando Rosas

Fernando Rosas

Historiador. Professor emérito da Universidade Nova de Lisboa. Fundador do Bloco de Esquerda

Quero agradecer à Mariana Mortágua, à Sofia Aparício, ao Miguel Duarte, ao Diogo Chaves e aos 500 participantes na flotilha humanitária a sua atitude corajosa e clarificadora.

Não é difícil prever o que daqui sairá como “comemorações oficiais”: o espectro do novembrismo militarista em parada.

Devemos talvez, nesta situação grave, procurar com lucidez e coragem reinventar o antifascismo. Ou seja, promover uma solução à esquerda, plural, que una tudo o que pode ser junto.

Correr o risco de transformar os locais simbólicos do salazarismo em altares de romaria nostálgica sob o pretexto de os “interpretar”, parece-me totalmente fora de propósito.

A efeméride da libertação de Auschwitz foi transformada num puro ato de propaganda legitimadora do genocídio palestiniano e de apelo ao silenciamento de quem o denuncia. 

A banalidade do mal fabricada pela alienação é o caminho aberto para o desastre que só a resistência contra-hegemónica pode e deve travar.

Ao contrário das FP-25, cujos membros foram presos e julgados, os chefes e quadros do MDLP ficaram impunes.

Durante a inauguração do Museu Nacional Resistência e Liberdade na Fortaleza de Peniche, o historiador lembrou o papel de António Spínola como chefe da organização terrorista MDLP e a oposição deste ao fim da polícia política e à libertação dos presos políticos. 

Resistir e derrotar as ameaças da direita e da extrema direita tendencialmente aliadas só pode significar uma profunda alteração democrática da política, da economia e da sociedade portuguesa. Por Fernando Rosas.

A situação exige às esquerdas portuguesas concertação e diálogo para agir em conjunto, para defender o essencial, para abrir caminhos novos.