Nelson Peralta

Nelson Peralta

Biólogo. Dirigente do Bloco de Esquerda

Em Aveiro, PSD/CDS e PS têm seguido o mesmo modelo de desenvolvimento: unidos quando é preciso vender terrenos públicos para habitação privada de luxo e unidos no uso da despesa pública para promover a gentrificação. 

Quero responder ao argumento memético dirigido à esquerda "vocês querem acabar com os ricos, já nós queremos acabar com os pobres". Comecemos pelo início, o facto de existirem ricos tão ricos é ou não um problema para a sociedade?

Na era dos super-ricos esta ideia da esquerda alastra por todo o globo como um requisito mínimo de justiça, democracia e liberdade. E nem entra na discussão se é legítimo um oligarca como Elon Musk poder acumular 250 mil milhões de euros e atacar a democracia em vários países...

Jorge Greno, deputado municipal do CDS-PP, decidiu dirigir-se à esquerda para fazer uma intervenção claríssima: a direita não tem solução para a crise do preço da habitação.

Num episódio de Peaky Blinders, quando o gangster Thomas Shelby começa a acumular demasiado dinheiro, este explica como faz para o "depositar" em toda a segurança e rentabilidade: comprar muitas casas.

O Mundial de futebol do Qatar custou 220 mil milhões de dólares. Com um mundo a produzir mais, com mais riqueza, com maior acumulação de capital, onde é que este é aplicado? Se respondeu no combate à pobreza e à fome, errou. É mesmo nos caprichos e nos "depósitos" dos super-ricos.

No Brasil apoiaria Lula. Já a direita tradicional portuguesa tem-se remetido ao silêncio, à falsa equivalência ou à neutralidade. Esta é uma das maiores marcas identitárias da direita portuguesa. Vejamos porquê.

A pedido do PSD, o Parlamento realiza esta semana 22 audições sobre a Carta de Perigosidade de Incêndio Rural. O problema de acordo com o PSD? A carta classifica demasiado território nacional do norte, centro [e Algarve] do país como de risco "alto" ou "muito alto".

Os efeitos são mais severos para quem menos contribuiu para as alterações climáticas. Já os principais responsáveis tentam criar a sua escapatória ou vendem a ilusão de uma solução tecnológica que permita continuar o negócio como se nada se passasse.

Se fosse um país, a nação da indústria dos combustíveis fósseis teria mais delegados do que qualquer país presente na COP26. São 503 delegados de mais de 100 empresas. Artigo de Nelson Peralta, em Glasgow.