Andrés Arauz, o candidato da esquerda, venceu a primeira volta das eleições presidenciais do Equador realizadas este domingo. Fica agora à espera de saber quem será o seu oponente, dado que a corrida ao segundo lugar se tornou inesperadamente renhida.
Em abril, defrontar-se-á com um de dois candidatos com perfis bem diferentes: ou o indígena ativista ambiental Yaku Pérez, apoiado pelo movimento Pachakutik, que centrou a campanha na recusa da indústria mineira, ou o ex-banqueiro liberal Guillermo Lasso, apoiado pelo Creando Oportunidades.
Andrés Arauz, um economista de 36 anos visto como o delfim do ex-presidente Rafael Correa e que se notabilizou na oposição à austeridade do presidente cessante, Lenín Moreno, obteve na primeira contagem rápida 31.5% dos votos, Pérez teve 20.04% e Lasso 19.97%.
Depois desta contagem, Pérez declarou que houve “uma vitória da ecologia e da defesa da água” e anunciou que os seus apoiantes organizariam uma vigília “de uma forma ativa e respeitosa” para prevenir que haja fraude no resto da contagem e “defender a vontade da vasta maioria dos equatorianos que esperam ver esperança de mudança”. Por sua vez, Lasso, apesar de estar atrás, realizou um comício de celebração, acreditando que será ele a ir à segunda volta.
Entretanto, a contagem definitiva prosseguiu e, a 2,15% de se obter o resultado final, está ainda longe o final desta disputa, que deverá ser dirimida através de recontagem. De momento, Andrés Arauz tem 32,16 %, Pérez tem 19,86 % e Guillermo Lasso 19,59%. Numas eleições inéditas em que cerca de 70% do eleitorado votou à esquerda, também o empresário Xavier Hervas, da Izquierda Democrática, marcou a diferença com 16,02% até ao momento. A sua candidatura tinha apenas 5% nas sondagens, mas uma campanha virada para os jovens e muito ativa no TikTok parece ter feito a diferença.
A possibilidade de Pérez passar à segunda volta deslocaria o contexto das eleições do eixo que era esperado: a oposição esquerda/direita, defesa do Estado Social/“mercado livre”, colocando face a face dois candidatos de esquerda diferentes. De apoiantes de Correa, os movimentos que apoiam o ambientalista passaram a seus opositores. Uma das razões fundamentais foram as críticas à relação do governo com os recursos naturais do país e com o extrativismo.
Para além das presidenciais, houve eleições também para a Assembleia Nacional. As contagens estão mais atrasadas, mas os dados disponíveis permitem antever uma vitória da esquerda: com 80,02% dos votos contados, a aliança 1-5 Unión por la Esperanza (do ex-presidente Rafael Correa) tem 27,93 % de los votos, o Pachakutik (que une movimentos indígenas e outros movimentos sociais) tem 19,97 %, a Izquierda Democrática tem 13,35 % e o CREO (de direita) tem 10,25 %.